Sobre a Revista

A revista SOLETRAS é um periódico eletrônico do Programa de Pós-graduação em Letras e Linguística (PPLIN), vinculada ao Departamento de Letras (DEL), da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FFP/UERJ). Com periodicidade quadrimestral, de acesso livre e gratuito, a revista busca incentivar o debate científico nas diversas áreas de conhecimento do programa, além de difundir os resultados de trabalhos inéditos desenvolvidos de professores e pesquisadores vinculados a instituições de ensino e pesquisa nacionais ou internacionais, bem como da comunidade científica em geral. Os números são organizados com base no dossiê, com edições que intercalam Estudos Literários e Estudos Linguísticos. Só serão aceitos trabalhos submetidos por pesquisadores doutores, ou, em caso de coautoria, de doutorandos, em parceria com um segundo pesquisador que possua o título de doutor. Todas as submissões passam por avaliação cega por pares (peer review), segundo as normas para contribuições.

 

e-ISSN: 2316-8838 | ISSN: 1519-7778 |  Ano de criação: 2001- impresso, 2012 – eletrônico | Área do conhecimento: Linguística e Literatura  Qualis: A3 – 2017-2020 (Linguística e Literatura) | 

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Chamada para publicação de artigos SOLETRAS n. 50 (set.-dez. 2024)

2024-07-17

A Revista Soletras divulga chamada para o número 50

 

Dossiê 50: Feminismos Decoloniais e Teoria Literária: outros percursos críticos

Organizadores: Catarina Caldeira Martins (Universidade de Coimbra), Maximiliano Torres (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e Simone Pereira Schmidt (Universidade Federal de Santa Catarina)

Prazo para submissão: 5 de outubro de 2024, com publicação prevista para dezembro de 2024.

 

Ao longo das quatro últimas décadas, a crítica feminista e a crítica pós-colonial / decolonial desenvolveram propostas teóricas e trabalhos analíticos no âmbito dos estudos literários que transformaram profundamente a compreensão das literaturas. Visaram, sobretudo, a ocupação do cânone e dos sistemas literários pela literatura de autoria feminina e pela literatura do/a subalterno/a: de sujeitos colonizados e racializados, de literaturas periféricas no sistema-mundo, em línguas e linguagens não imperiais e não hegemônicas. Inclinaram-se, portanto, para a constituição de novos cânones ou linhagens de escrita, em oposição ao modelo eurocêntrico, branco, masculino e às respectivas estéticas consolidadas. Propuseram, com isso, a análise crítica das representações das mulheres, das identidades sexuais e de gênero dissidentes, bem como das personagens negras e indígenas, incluindo uma dimensão interseccional, desvelando intrigas e linhas de sentido de cariz colonial. Procurou-se, igualmente, estabelecer o que seria “o sexo dos textos” e/ou “a raça dos textos”, interrogando as próprias nomenclaturas de literatura feminina, literatura negra ou afrodescendente, literatura indígena, literatura gay, entre outras.

Ao mesmo tempo, tais literaturas e suas autoras e autores desenvolviam novas estéticas, muitas vezes com uma forte reflexão metaliterária, associada à escrita, que mereceram grande fortuna crítica, devido à forma como puseram e põem em causa normativas ou tradições de entendimento da própria literatura. Um exemplo destacado é o da “escrevivência”, de Conceição Evaristo, bem como tantas outras propostas de embodied writing, ou seja, de uma escrita do corpo, própria de quem sofreu a opressão e a discriminação, por causa de diferenças em relação à norma cristalizada, que se apresenta como “transparente” e sem a materialidade. Nesse sentido, é chegado o momento de pensar sobre as implicações de todos estes trabalhos no âmbito da teoria literária, na concepção dos vários domínios dos estudos literários, nas metodologias, bem como nos conceitos operativos e na terminologia da análise do texto - e, até, por que não, na própria concepção do que é a literatura.

A teoria, enquanto sistematização, é sempre uma imposição de ordem, a partir de um ponto de vista de poder. Ora, se a teoria literária e os métodos e conceitos analíticos que empregamos ainda remontam a um paradigma europeu, branco e masculino, há que se desenvolver uma dimensão crítica e autorreflexiva dos enviesamentos e da reprodução da ordem de poder que esse uso continua a provocar na leitura e na interpretação do texto literário. Acreditamos que um olhar assente na crítica feminista decolonial pode ser o caminho para o questionamento de nossos próprios instrumentos teóricos e metodológicos, para que os estudos literários correspondam com maior rigor e menos apagamento ou silenciamento às inovações que as literaturas das margens apresentam. Tomando como exemplo as literaturas contemporâneas, escritas por mulheres, cis ou trans, negras, indígenas, racializadas, periféricas, percebemos que estas trazem em si implicações teóricas que colocam em causa outros conceitos solidificados, como ficção e testemunho, pacto ficcional, a distinção autor/narrador, leitor real/ leitor implícito, a própria noção de autoria, dentre outros mais. Será que se aplicam, a essas construções, os conceitos da narratologia francesa, por exemplo, relativamente à estrutura diegética, ao tempo, ao espaço e até à personagem? Poderemos abordar uma lírica de mulheres negras, indígenas, transgênero, assumida como dando corpo a um lugar de fala específico, tantas vezes ligado à oralidade e a um novo posicionamento da voz, com o instrumental analítico elaborado para a tradição lírica, com conceitos como sujeito poético e os seus esquemas métricos e rítmicos? Como compreender o lugar destas escritas em sistemas literários e aparelhos de análise literária fortemente associados a um paradigma filológico, vinculado ao conceito de Nação? Como pensar estas escritas no limiar entre a literatura e as outras artes? Será suficiente um método comparativo num mundo globalizado de culturas misturadas, cujas linhas de sentido atravessam todo o tipo de fronteiras materiais, sistêmicas e paradigmáticas?

Diante dessa encruzilhada de indagações, o objetivo deste dossiê é propor um levantamento inicial dos caminhos que poderão ser percorridos num questionamento da teoria da literatura, dos diversos campos dos estudos literários (hermenêutica, historiografia, literatura comparada…), bem como dos conceitos e métodos constituídos segundo o modelo eurocêntrico. Pretende-se, por um lado, a revisão da teoria literária, desmontando a sua associação histórica a um lugar de enunciação determinado, bem como, por outro lado, a reflexão exploratória sobre os desafios das novas literaturas, que abalam o edifício consagrado dos estudos literários. Desse modo, convidamos à apresentação de propostas que apontem para tais interrogações, mesmo que de forma embrionária, no sentido de iniciarmos a construção de novos caminhos para a teoria e análise literárias, de um ponto de vista feminista decolonial. 

Saiba mais sobre Chamada para publicação de artigos SOLETRAS n. 50 (set.-dez. 2024)

Edição Atual

n. 48 (2024): EPISTEMOLOGIAS E PRAXIOLOGIAS DECOLONIAIS NOS ESTUDOS DE LÍNGUAS/LINGUAGENS E NA EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA
					Visualizar n. 48 (2024): EPISTEMOLOGIAS E PRAXIOLOGIAS DECOLONIAIS NOS ESTUDOS DE LÍNGUAS/LINGUAGENS E NA EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA
Publicado: 2024-04-30

Apresentação

  • Epistemologias e praxiologias decoloniais nos estudos de línguas/linguagens e na educação linguística

    Marcia Lisbôa Costa de Oliveira, Kléber Aparecido da Silva, Leketi Makalela
    DOI: https://doi.org/10.12957/soletras.2024.84020

Dossiê 48: Epistemologias e praxiologias decoloniais nos estudos de línguas/linguagens e na educação linguística

  • A invenção da língua e suas maquinações: educação linguística, colonialidade e racismo

    Nicolas Santos, Gabriel Nascimento
    DOI: https://doi.org/10.12957/soletras.2024.83215
  • Projetos de letramento: praxiologias decoloniais para formação antirracista de professores de línguas

    Bruna Carolini Barbosa
    DOI: https://doi.org/10.12957/soletras.2024.83176
  • Variedades linguísticas do guineense: por um debate crítico sobre educação linguística em Guiné-Bissau

    Sabrina Rodrigues Garcia Balsalobre, Alfa dos Santos Silom
    DOI: https://doi.org/10.12957/soletras.2024.82778
  • A pedagogia decolonial e a interculturalidade crítica: reflexões sobre o ensino de português como língua adicional no contexto multilíngue e multicultural da Guiné-Bissau

    Fidel Quessana M'bana, Anair Valênia Martins Dias
    DOI: https://doi.org/10.12957/soletras.2024.83123
  • Decolonizar as diretrizes curriculares e educacionais: repensando o ensino de Língua Portuguesa como Segunda Língua para pessoas surdas

    Adriana Lúcia de Escobar Chaves de Barros, Valéria Campos Muniz, Danielle Cristina Mendes Pereira Ramos
    DOI: https://doi.org/10.12957/soletras.2024.82938
  • Decifra-me ou te devoro? A experiência para a transgressão dos sentidos em torno da avaliação da aprendizagem no ensino superior

    Valdeni da Silva Reis
    DOI: https://doi.org/10.12957/soletras.2024.83200
  • Literaturas indígenas na escola: uma janela para desobediência epistêmica

    Ivonete Nink Soares, Patrícia Graciela da Rocha
    DOI: https://doi.org/10.12957/soletras.2024.83201
  • O rap de autoria indígena: descolonizando currículos e saberes nas aulas de língua portuguesa

    Marcela Martins de Melo Fraguas
    DOI: https://doi.org/10.12957/soletras.2024.83355
  • Vai na fé: teledramaturgia na sala de aula para (re)construir a (eco)democracia brasileira

    Simone Batista da Silva, Andrea Antonieta Cotrim Silva
    DOI: https://doi.org/10.12957/soletras.2024.83007
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DOI 10.12957/soletras

Disponível em http://dx.doi.org/10.12957/soletras


Publicação

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