as perguntas das crianças são teorias?

Resumo

Durante o ano de 2010 estivemos assistindo os encontros de dois grupos de crianças de cinco anos, no jardim de infância nº 21 de El Bolsón, Rio Negro, Argentina. Outros membros do grupo de pesquisa que formamos há um ano para estender as experiências do filosofar com crianças e adolescentes estiverem assistindo os encontros no mesmo lugar, porém em outro turno e numa escola de ensino médio. Nesta ocasião, queremos lembrar as cenas e as trocas, e analisar nossos registros, especialmente aqueles que se referem à maneira pela qual as crianças formulam suas perguntas e constroem suas hipóteses. Nesse sentido, pudemos compartilhar com os participantes de uma das mesas de um Congresso Internacional no Rio de Janeiro em setembro de 2010 nossas inquietudes sobre o questionamento das crianças, e, inclusive, chegamos a debater sobre o que pode ser considerado como pergunta. Ao mesmo tempo, prestamos atenção na ação das professoras das turmas de jardim, que começava a cobrar densidade e sistematicidade: espera-se pacientemente que as crianças se comprometam cada vez mais com a construção do pensamento próprio e coletivo. Em várias ocasiões, nos surpreendeu a coerência de seus intercâmbios, permitindo que as sucessivas hipóteses fossem decantando, sendo eliminadas na confrontação dos exemplos que se sucediam. Continua nos surpreendendo a magnitude da influência dos discursos de outros agentes socializadores (padres, mídia), assim como a rapidez dos seus efeitos se manifestarem nas palavras e nos pensamentos das crianças. Contudo, o mais importante foi que pudemos desaprender muitas coisas, para dar lugar e tempo à abertura de novas experiências e à ocorrência dos acontecimentos. Palavras-chave: filosofar infantil; questionamento; Filosofia com Crianças; teoria