a comunidade de investigação filosófica como laboratório de formação e inclusão ativa
Palavras-chave:
vision disability, perceptive experience, community of philosophical inquiry, active inclusionResumo
O artigo expõe a experiência da criação de uma comunidade de investigação filosófica formada por pessoas com deficiência visual (cegos e pessoas com baixa visão) reunidas com pessoas de visão total, a partir da ideia, através do embasamento teórico, e alcançando a prática. Essa comunidade é formada por adultos: se a Filosofia para crianças baseia sua ideia pedagógica na “educação do pensamento”, entendida como orientação em uma trajetória de desenvolvimento da potencialidade cognitiva, criativa, afetiva, no caso da Comunidade de Filosofia para crianças, a ideia de uma pedagogia para adultos deve entender-se como possibilidade de uma formação ativa e contínua. A comunidade de investigação filosófica representa, nesse sentido, uma ocasião formadora inovadora: as pessoas experimentam a possibilidade de entrar ativamente em relação com outras experiências e outras “visões de mundo”, capazes de fazer crescer a bagagem pessoal de conhecimento, vivendo uma experiência não limitada à duração da sessão ou do ciclo de sessões, pois é levada ao viver concreto. A experiência que se vive no contexto da investigação está sempre estreitamente ligada ao que se vive fora da comunidade, ao cotidiano do vivido, e se transporta ao interior da comunidade através de um processo dialético que se renova. A partir desse alimento de diálogo participativo e da co-responsabilidade em seu processo de desenvolvimento, se criam, naturalmente, no interior da comunidade, mecanismos de inclusão entre os participantes. Se adquire um “saber prático” através de um itinerário intersubjetivo e, portanto, naturalmente inclusivo para todos os participantes, que é proveitoso e apropriado para apoiar a complexidade da realidade cotidiana, colocando-se mutuamente à disposição as próprias perguntas, conhecimento, experiências. Esse tipo de formação dá um novo valor à experiência perceptiva porque, assim como a “visão de mundo” precisa de um “olhar múltiplo”, o potenciamento do pensamento complexo, em sua múltipla dimensão, está concebido como implicação contemporânea da mente e do corpo, interna e externa. Nessa perspectiva de valorização das diferenças e do enriquecimento dos conhecimentos em diversos níveis (perceptivo, cognitivo, ético) cresceu a ideia e a experiência de ativar uma comunidade de investigação filosófica com pessoas com deficiência visual junto a pessoas sem aquela deficiência. Essa construção cooperativa dos horizontes de sentido permite repartir com aqueles que experimentam a realidade e a interpretam a partir de modalidades perceptivas e categorias cognitivas “outras”, e dá também a oportunidade de confrontar-se com um “modo de vida diferente daquele em que a natureza o colocou”. A orientação dos componentes da comunidade rumo ao desenvolvimento do pensamento complexo sucede-se à interrogação compartilhada da realidade, que neste contexto particular se torna “conhecida”, próxima, mediante o uso diferente das percepções sensitivas. A indagação e a investigação se originam e se definem com base nas experiências da realidade feitas a partir das consciências e diferentes prevalências perceptivas.Downloads
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Publicado
2011-01-31
Como Citar
PETITTI, Maria rita. a comunidade de investigação filosófica como laboratório de formação e inclusão ativa. childhood & philosophy, Rio de Janeiro, v. 6, n. 12, p. pp.349–375, 2011. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/20551. Acesso em: 9 maio. 2025.
Edição
Seção
experiências