por que piaget não filosofa? discussão crítica de gareth b. matthews com o conceito de desenvolvimento cognitivo de piaget

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/childphilo.2019.39320

Palavras-chave:

filosofia para crianças, desenvolvimento cognitivo, teoria de piaget, gareth b. matthews, filosofia da infância

Resumo

Este artigo é direcionado a criticar a teoria piagetiana do desenvolvimento intelectual elaborada por Gareth B. Matthews (1929-2011). Este filósofo americano analisa as ideias de Piaget (1896-1980) de uma perspectiva da questão sobre o significado e a possibilidade de filosofar com crianças. A discussão entre Matthews e Piaget pode parecer interessante hoje porque a teoria do desenvolvimento cognitivo tem moldado a educação moderna e pode ser vista como um fator de perpetuação de posturas céticas diante da filosofia para crianças. Neste artigo, os argumentos de Matthews foram reconstituídos e interpretados, provando consistente e sistematicamente que Piaget não compreendeu o fenômeno da filosofia das crianças. Falando do filosofar das crianças, Matthews está se referindo à tendência das crianças de perguntar questões filosoficamente significativas, à habilidade de problematizar a experiência, à atitude específica das crianças para com o mundo e a notar os problemas que grandes filósofos têm lidado por séculos. Todas essas capacidades observáveis do pensamento das crianças foram interpretadas por Piaget como déficit intelectual. Matthews argumenta contra esta interpretação. A discussão enquadra estas questões como sendo um problema de determinação do critério de maturidade intelectual, de importância da criatividade e da fantasia no pensamento, de desenvolvimento de conceitos e de habilidades linguísticas e de diferenças entre o uso da linguagem entre crianças e adultos. A análise das críticas da teoria piagetiana do desenvolvimento cognitivo leva à conclusão que a psicologia infantil precisa de abertura a este aspecto do pensamento das crianças que Piaget ignora. Há ainda uma importante tarefa para psicólogos/as e filósofos/as em melhor entender o fenômeno do filosofar por parte de crianças.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

GEACH, P. Mental acts, New York: Bloomsbury Publishing Plc, 1971

MATTHEWS, G.B. Dialogues with Children, Cambridge, Massachusetts and London: Harvard University Press, 1984

MATTHEWS, G.B. Philosophy & the Young Child, Cambridge, Massachusetts and London: Harvard University Press, 1980

MATTHEWS, G.B. The idea of conceptual development in Piaget. Synthese, vol. 65 (1985), pp. 87-97, 1985

MATTHEWS, G.B. The Philosophy of Childhood, Cambridge, Massachusetts and London: Harvard University Press, 1994

PIAGET, J. The Child's Conception of the World, London: Routledge & Kegan Paul Ltd, 1929.

PIAGET, J. Children’s Philosophies. in: MURCHISON, C. (ed.), A Handbook of Child Psychology, 2nd edition, Worcester, MA: Clark University Press, pp. 534-547, 1933

PIAGET, J., INHELDER, B. The child’s Construction of Quantities: Conservation and Atomism, London: Routledge & Kegan Paul Ltd, 1974

Downloads

Publicado

2019-01-30

Como Citar

WALCZAK, Paweł. por que piaget não filosofa? discussão crítica de gareth b. matthews com o conceito de desenvolvimento cognitivo de piaget. childhood & philosophy, Rio de Janeiro, v. 15, p. 01–26, 2019. DOI: 10.12957/childphilo.2019.39320. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/39320. Acesso em: 1 maio. 2025.

Edição

Seção

artigos