CHAMADA PÚBLICA DE ARTIGOS - DOSSIÊ 2025/2
Contra arquivos epidérmicos e subcutâneos: a somateca na história do pensamento
Organizadores:
Dr. Fabián Vivar (Faculdade de Belas-Artes. Universidade de Lisboa).
Dra. Sofia Cevallos (Université Paris 8/FLACSO, Brasil).
A proposta procura colocar em diálogo os argumentos da teoria pós-colonial, os feminismos contra-hegemônicos e os estudos crip para refletir sobre o isolamento dos corpos e narrativas subalternas na história do pensamento. Estas teorias têm confluído na importância de estudar a produção de conhecimentos no marco de sistemas de pensamento raciais, heteropatriarcais ou capacitistas. Nesse sentido, consideramos que é importante pensar um arquivo epistemológico diferente para construir outras ferramentas para a reflexão social: a somateca, arquivo de pensamentos que problematizam a matriz moderno/eurocêntrica que separa a razão do corpo. Trata-se de um exercício de justiça cognitiva, cujo ponto de partida é o reconhecimento do direito à igualdade e diferença das corporalidades e dos seus saberes diversos. Neste Dossiê receberemos artigos que problematizem a realidade de corpos subalternizados na história do pensamento, considerando como estas abordagens teórico/metodológicas têm sido aplicadas na produção artística, cultural e pelas comunidades agrupadas socialmente no espaço territorial considerado como Latino-América ou no sul global. Estimulamos também a apresentação de propostas que procurem estabelecer um diálogo sul-sul no marco desta abordagem epistemológica. A teoria anti-colonial, os feminismos contra-hegemónicos e os estudos crip tem sido muito importantes no estudo dos corpos em primeiro lugar, denunciando o uso do corpo das alteridades e espacialidades não ocidentais (FANON, 2008; MAHMOOD, 2008; GREINER, 2023) e na construção da identidade universal eurocentrada (LUGONES, 2014) ; em segundo lugar, devolvendo a esses corpos a capacidade de argumentação para restituir e curar as feridas coloniais. Como consequência das depredações do colonialismo e do patriarcado, continua sendo necessária uma resistência intelectual que questione as formas de domínio epistemológico (OYEWUMI, 1997). Longe de ser uma simples oposição intelectual a um pensamento ocidentalocêntrico, essas teorias oferecem a possibilidade de uma nova geo e corpo-política dos saberes. Na história do pensamento a somateca anticolonial é o dispositivo que arquiva a inquietude destes corpos perante os mecanismos de opressão racistas, de sexo e gênero e capacitistas.
Referências bibliográficas
Fanon, Frantz (2009). “Pele Negra, mascaras brancas”. Salvador: EdUFBA.
Greiner, C. (2023). Corpos Crip. Instaurar estranhezas para existir. São Paulo. N-1 edições. Johnson, Merri Lisa (2015). “Bad romance: A crip Feminist Critique of Queer Failure”. Hypatia. A journal of feminist philosophy. Vol. 30. Issue 1: New Conversations in Feminist Disability Studies. pp. 251-267.
Lugones, Maria (2014). “Rumo a um feminismo descolonial”. Revista Estudos Feministas. 22 (3): 320. Setembro-dezembro. Florianópolis, pp. 935- 952.
Mahmood, Saba (2006). “Teoría Feminista, agência e sujeito liberatório: algumas reflexões sobre o revivalismo islâmico no Egipto”. En Etnográfica, Vol. X (1). pp. 121- 158.
Oyěwùmí, O. (1997). The invention of women: Making an African sense of western gender discourses. London: University of Minnesota Press.
Prazo para submissão de artigos: 30 de janeiro de 2025
Previsão de Publicação: julho de 2025
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