Ainda estamos aqui: o passado que não passou na perspectiva da violência estatal nas periferias
DOI:
https://doi.org/10.12957/intellectus.2025.90652Palavras-chave:
periferia, violência estatal, democracia, transição inacabadaResumo
O artigo discute a permanência estrutural da violência estatal no Brasil, a despeito da transição da ditadura militar (1964-1985) para a democracia, aproveitando a repercussão do filme Ainda estou aqui. Primeiro, detalhamos a permanência estrutural da violência sobre as periferias a partir de dados produzidos e divulgados em relatórios, matérias jornalísticas e produções acadêmicas. Em seguida, trabalharemos o tema da violência através dos ritmos musicais da periferia, demonstrando como, à parte juízos políticos e morais, as letras do rap, do funk e do trap trazem a configuração da experiência e expectativas de vida nas periferias. Depois, destacamos que a atualidade da demanda por memória e justiça inclui a luta de familiares de vítimas da violência estatal pós-ditadura. Concluímos incentivando a inclusão dessa discussão no ensino de história do Brasil.
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