the negativity of the child

articulating the existential foundations of inclusive pedagogy

Resumo

Este artigo examina a pedagogia inclusiva no contexto dos debates contemporâneos sobre o que, exatamente, significa ”educacional” nos estudos em educação. O argumento é feito em duas partes. Primeiro, é traçada a evolução da inclusão, de um conceito sociológico a um conceito pedagógico e a sua mudança subsequente de uma preocupação individual a questões mais amplas de justiça social. Essa evolução diferencia a inclusão da integração e destaca os desafios de lidar com as desigualdades sociais e, ao mesmo tempo, manter o foco no indivíduo. Em segundo lugar, o artigo postula que uma abordagem existencial da teoria educativa pode nos permitir levantar questões educacionais sobre a educação inclusiva. Em particular, é apresentado o conceito do “eu” de Jean Paul Sartre, na medida em que sustenta a ênfase da pedagogia inclusiva em um indivíduo incomparável e insubstituível, nos permitindo abordá-lo como sujeito. Essa compreensão do indivíduo como sujeito apoia a rejeição da educação inclusiva à diferenciação intra e interindividual e advoga, em vez disso, por capacitar as crianças para transcender as barreiras e adversidades através da projeção imaginativa de seus futuros. Na base dessa abordagem existencialista, o artigo argumenta que, ao focar predominantemente as necessidades a serem supridas (e, portanto, ao “categorizar” as crianças de acordo com essas necessidades), corremos o risco de perder a dimensão especificamente pedagógica dessas necessidades. Em vez disso, a pedagogia inclusiva deve ver cada criança como um sujeito se esforçando para vencer seus próprios desafios, enfatizando a individualidade e a liberdade sem desconsiderar as desigualdades estruturais. Essa abordagem se alinha à rejeição de forças externas — econômica, política ou psicológica — que ameaçam a autonomia pedagógica e redefinem o objetivo da educação. Críticas à pedagogia inclusiva destacam os riscos de enfatizar demais na autonomia individual, o que pode levar à negligência/negação de barreiras sistêmicas enfrentadas por grupos marginalizados. Este artigo sustenta, no entanto, que uma abordagem existencial reconcilia essas tensões ao reconhecer as diferenças nas facticidades, enquanto mantém o foco na autorrealização individual. A pedagogia inclusiva, então, imagina a criança não definida pelas suas limitações, mas como um ser capaz de se tornar “o que não é”, como diz Sartre. Essa perspectiva resguarda os principais princípios pedagógicos, definindo a educação como um processo que cultiva a liberdade, a responsabilidade e a imaginação, afirmando seu papel como uma prática distinta e autônoma.