o que estamos perdendo? voz e escuta como acontecimento

Autores

  • magda costa carvalho NICA-UAc: Núcleo Interdisciplinar da Criança e do Adolescente, da Universidade dos Açores Instituto de Filosofia do Porto https://orcid.org/0000-0001-8539-5061
  • tiago almeida Escola Superior de Educação || Instituto Politécnico de Lisboa || CIED-ESELx CIE - Centro de Investigação em Educação || ISPA - Instituto Universitário https://orcid.org/0000-0002-3557-0623
  • josé maria taramona NICA-UAc: Núcleo Interdisciplinar da Criança e do Adolescente, da Universidade dos Açores; NEFI-UERJ: Núcleo de Estudos em Filosofias e Infâncias, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Colégio Jean Le Boulch, La Molina, Peru https://orcid.org/0000-0003-2911-3343

DOI:

https://doi.org/10.12957/childphilo.2023.70451

Palavras-chave:

voz, escuta, infância, acontecimento, comunidade de investigação filosófica

Resumo

O artigo parte do conceito de voz e procura questionar os seus diferentes sentidos, especialmente em contextos educativos, para propor um enquadramento filosófico das vozes materiais das pessoas-de-pouca-idade. O texto propõe, depois, que se entendam essas vozes como diferenças perturbadoras ou oportunidades para (re)pensarmos os nossos papéis enquanto educadores e, acima de tudo, para voltarmos à questão sobre o que é que uma abordagem filosófica da infância pode perturbar. Nesta linha, delinear-se-ão algumas ideias sobre a 'voz' como som e materialidade (Cavarero, 2005) e também sobre a 'escuta' enquanto atenção permanente ao que possa emergir (Nancy, 2002; Davies, 2014), para depois se alargarem os significados particulares destes conceitos à prática de pensar filosoficamente com pessoas de diferentes idades, no contexto educacional da comunidade de investigação filosófica (Kennedy; Kennedy, 2012). Também nos baseamos no conceito de 'evento' de Gilles Deleuze (Deleuze, 2013), enquanto potencial imanente dentro de uma confluência de força, para perguntarmos como podemos encontrar uma forma filosófica de viver (n)a educação que tome as vozes materiais das pessoas-de-pouca-idade como algo que não nos podemos dar ao luxo de perder. Por fim, o texto propõe considerar-se a comunidade de investigação filosófica enquanto comunidade filosófica de vozes, no sentido de ser uma oportunidade para se experienciar a materialidade de todas as vozes enquanto algo que importa no pensamento partilhado dos seus participantes.

Referências

Author, A. (2019)

Bezerra, I. R. (2021). Desconstrução da metafísica em vozes plurais, de Adriana Cavarero, Anuário de Literatura, 26 http://doi.org/10.5007/2175-7917.2021.e72079

Calvino, I. (1988). Under the jaguar sun. San Diego: Harcourt Brace Jovanovichs.

Cavarero, A. (2005). For more than one voice. Toward a philosophy of vocal expression. Stanford: Stanford University Press.

Davies, B. (2014). Listening to children. Being and becoming. New York: Routledge.

Foucault, M. (1977). Los intelectuales y el poder. Entrevista Michel Foucault-Gilles Deleuze. In Microfísica del poder. Madrid: Las Ediciones de la Piqueta, pp. 77-86.

Deleuze, G. (2013). Logique du sens. Paris: Les Éditions du Minuit.

Deleuze, G., & Guattari, F. (2007). Mil Planaltos: capitalismo e esquizofrenia. Lisboa: Assírio Alvim

Edwards, C., Gandini, L., & Forman, G., (1993). The one hundred languages of children: the Reggio Emilia experience in transformation. California: Praeger.

Elicor, Peter Paul (2020). mapping identity prejudice: locations of epistemic injustice in philosophy for/with children. childhood & philosophy, 16, pp. 1-24.

Fricker, M. (2007). Epistemic injustice: Power and the ethics of knowing. Oxford: Oxford University Press.

Haraway, D. (2007). When species meet. Minnesota: University Press.

Jasinski, I., & Lewis, T. (2016). Community of Infancy: Suspending the Sovereignty of the Teacher’s Voice. Journal of Philosophy of Education 50 (4): 538-553.

Johansson, V. (2021). Sa’mi children as thought herders: philosophy of death and storytelling as radical hope in early childhood education. Special Issue: Fiction and Truth, Learning and Literature: Interdisciplinary Perspectives. DOI: 10.1177/14782103211031413

Kennedy, N.; Kennedy, D. (2012). “Community of Philosophical Inquiry as a Discoursive Structure, and its Role in School Curriculum Design”. In Philosophy for Children in Transition: Problems and Prospects, ed. Nancy Vansieleghem and David Kennedy, London: Blackwell, p. 97-116.

Nishiyama, K. (2020). Between protection and participation: Rethinking children’s rights to participate in protests on streets, online spaces, and schools. Journal of Human Rights, https://doi.org/10.1080/14754835.2020.1783523.

Lundy, L. (2007). ‘Voice’ is not enough: conceptualizing Article 12 of the United Nations Convention on the Rights of the Child. British Educational Research Journal, 33 (6), pp. 927–942.

Mello, M; Lopes, J; Lima, M. (2021). Porque rimos das crianças?. Linhas Críticas. Dossiê: Participaciones y resistencias de las infancias y juventudes de América Latina. doi.org/10.26512/lc27202135191

Murris, K. (2020). The ‘Missing Peoples’ of critical posthumanism and new materialism. In Navigating the Postqualitative, New Materialist and Critical Posthumanist Terrain Across Disciplines. London: Routledge, p. 62-84.

Nancy, J.-L. (2002). À l’écoute. Paris: Éditions Galilée.

Rollo T (2020) “Democratic Child’s Play. Natality, Responsible Education, and Decolonial Praxis”. In Thinking, Childhood, and Time. Contemporary Perspectives on the Politics of Education, eds. Walter Omar Kohan and Barbara Weber, London: Lexington Books, pp. 145-160.

Downloads

Publicado

2023-02-24

Como Citar

carvalho, magda costa, almeida, tiago, & taramona, josé maria. (2023). o que estamos perdendo? voz e escuta como acontecimento. Childhood & Philosophy, 19, 01–18. https://doi.org/10.12957/childphilo.2023.70451

Edição

Seção

dossier: filosofia na e para além da sala de aula; fpc através de diferenças culturais, sociais e políticas