não deve dar a palavra aos amigos... assim não é justo! representações das crianças sobre o gestor da palavra na comunidade de investigação filosófica
DOI :
https://doi.org/10.12957/childphilo.2017.27317Mots-clés :
Filosofia para Crianças, Gestor da Palavra, Comunidade de Investigação Filosófica, Poder, AutonomiaRésumé
O presente artigo tem como objetivo a apresentação e discussão das representações das crianças acerca do papel do Gestor da Palavra (GP). Trata-se de um recurso concebido e desenvolvido no âmbito de sessões de Filosofia para Crianças, de acordo com a metodologia da comunidade de investigação filosófica (community of philosophical inquiry) de Matthew Lipman (2003) e de Ann Margaret Sharp (1987).
Designamos como “Gestor da Palavra” o membro da comunidade de investigação responsável por escolher, durante o diálogo, quem fala e quando fala. Surge como uma estratégia para envolver ativamente as crianças nos procedimentos da sessão e a sua importância estende-se até às dimensões pedagógica e filosófica da comunidade de investigação.
Adotou-se como metodologia o estudo de um caso exploratório, recorrendo-se a um inquérito por questionário para realizar o levantamento das formas de pensar das crianças.
Da análise de conteúdo do questionário, emergiram três subcategorias na definição daquilo que o GP deve e não deve fazer: cognitiva, ética e social. Destas, é a dimensão ética aquela que revela maior incidência de respostas, com implicações para dimensões fundamentais da Filosofia para Crianças como sejam a promoção do caring thinking (Lipman, 2003) e a conceção de autoridade na comunidade de investigação.
Assim, o artigo divide-se em cinco secções: a Filosofia para Crianças como área científica e como programa curricular, com incidência no conceito de “comunidade de investigação filosófica”; o GP no âmbito da comunidade de investigação; o enquadramento metodológico do estudo; a apresentação dos resultados e a respetiva discussão.