A dimensão pública da violência de gênero e a inscrição política do corpo como território: muito mais do que “briga de marido e mulher”
DOI:
https://doi.org/10.12957/rqi.2020.40621Palavras-chave:
Patriarcalismo, Violência de gênero, Corpos femininos, FeminicídioResumo
Considerando dois fenômenos recentes que tem afetado o Brasil e, especialmente os países latino-americanos: o avanço de uma frente conservadora buscando desqualificar e até mesmo proibir o debate sobre o que se chamou de “ideologia de gênero”; e o alarmante aumento da violência contra a mulher, este artigo propõe uma reformulação nas teorias clássicas acerca da violencia de gênero e seu enclausuramento ao espaço do privado, doméstico, considerado como um problema individual decorrente de relações afetivas entre homens e mulheres. Seu objetivo é explorar a existência de uma dimensão pública, política e estatal dos crimes do patriarcalismo como uma pedagogia da crueldade que estruturalmente, e considera como hipótese, a partir da antropóloga argentina Rita Segato, que a violencia patriarcalista é estruturante do modelo estatal da modernidade colonial, e, portanto, sua reprodução é fundamental para a perpetuação deste modelo de poder. Na primeira parte do trabalho traça o caminho do patriarcado de baixa intensidade ao patriarcalismo moderno-colonial, resultando no corpo feminino como corpo-território político. Na segunda, configura a violencia de gênero como uma violência patriarcalista ou seja, em sua dimensão coletiva, pública e, portanto, política. Por fim, afirma que a violência legitimada nos corpos femininos faz circular marcas de soberania de uma confraria masculina que mantém seu funcionamento pelo poder soberano estatal. Utiliza-se, na investigação, o método fenomenológico, notadamente a partir das contribuições de Martin Heidegger e Hans-Georg Gadamer.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os Direitos autorais patrimoniais dos artigos publicados pertencem à Revista Quaestio Iuris. A reprodução total dos artigos desta revista em outras publicações, ou para qualquer outra utilidade, é permitida a todos, para que distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do trabalho aqui publicado, mesmo para fins comerciais, desde que atribuam o devido crédito pela criação original ao autor e o crédito à Revista Quaestio Iuris pela primeira publicação do trabalho. A Revista Quaestio Iuris obedece aos termos da licença Creative Commons de Atribuição 4.0 Internacional CC-BY (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0), em consonância com a legislação autoral brasileira, Lei 9.610/1998.
The patrimonial copyrights of the published articles belong to the Quaestio Iuris Law Review. The total reproduction of the articles of this review in other publications, or for any other use, is allowed to all, to distribute, remix, adapt and create from the work published here, even for commercial purposes, as long as they give due credit for the original creation to the author and credit to Quaestio Iuris Lae Review for the first publication of the work. The Quaestio Iuris Law Review complies with the terms of the Creative Commons Attribution 4.0 International CC-BY license (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0), in accordance with brazilian copyright law, Law 9.610/1998.