n. 22 (2021): Africanizar: resistências, resiliências e sensibilidades
A 22a edição da Revista Transversos traz o dossiê Africanizar: resistências, resiliências e sensibilidades. Práticas de resistências e de resiliências, assim como as sensibilidades expressas pela multiformidade africana ao longo de sua história, são iluminadas e problematizadas. Rastreia reflexões que procuram formas mais complexas de análise, além das oferecidas pelo pensamento binário. O imperativo “africanizar” surge como necessidade de ouvir as vozes do continente, evitando as essencializações redutoras, questionando os parâmetros fornecidos apenas a partir do viés eurocêntrico, da branquidade, do androcentrismo, do heteronormativo, das metanarrativas nacionais homogeneizantes ou dos interesses dos dominantes, sejam eles, estrangeiros ou locais. Deseja distintas escritas que apontem o agenciamento e os saberes dos silenciados, dos invisibilizados e daqueles que foram colocados à margem. Quer análises de como se deram as resistências - atos de persistir, de se assumir, de não aceitar a ser coisificado pelo outro, mesmo que para isso se utilize do simulacro, do mimetismo e do hibridismo. Interessa ao dossiê artigos vasculhadores de que forma, no continente africano, vulnerabilizados, seja do ponto de vista econômico, social, político ou cultural, arquitetam, ante as opressões, saídas pela resiliência. Essa vista como arte do mais fraco em se adaptar às situações adversas, reinventando-se positivamente, buscando autoestima ou significado para a vida, preservando ou reconstruindo identidades, para enfrentar e, se possível, superar as sujeições. Enfim, o dossiê deseja reunir textos atentos à diversidade das sensibilidades africanas, às maneiras como os subalternizados enfrentam as estruturas políticas, econômicas, sociais e culturais cerceadoras dos desejos, das formas de sentir, imaginar, valorar e agir, que se constroem contra o estabelecido.