Religião como espaço de resistência: Dona Beatriz Ñsîmba Vita
DOI:
https://doi.org/10.12957/transversos.2021.57839Palavras-chave:
Ñsîmba Vita, Religião, ancestralidade africana, KôngoResumo
Depois de alguns anos de inconstitucionalidade com o rei Dom Afonso I Mvêmba Ñzînga – 1604-1543, os jagas invadiram a capital do antigo reino do Kongo em 1568-1570 e o declínio foi em 1665, com a morte do rei Dom António I Vita Ñkânga. Surgiu uma profetisa jovem chamada Dona Beatriz Ñsîmba Vita (conhecido por Kimpa Vita). Criou sua Doutrina na base de kimpasi (religiosidade local), resistiu contra as imposições católicas e montou um sincretismo localmente percebido. Rapidamente, ela ganha uma popularidade, restaura a ordem social, proporciona esperança económica, apazigua os chefes militares e convocou as eleições. Tudo, em nome da religião. O seu legado em África verificou com o messianismo com Simon Kimbangu e Simão Gonçalves Toko que resultou nas independências das repúblicas de Congo-Kinsâsa e Angola. Nas Américas, candomblé e umbanda são uma afirmação cultural e servem de uma resistência face aos insumos socioculturais.
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