Imaginário da literatura, o “bem-amado” migrante
DOI:
https://doi.org/10.12957/soletras.2016.22269Palabras clave:
Realismo Fantástico, Teoria da Literatura, Telenovelas, Formação de leitores, Cultura de massa.Resumen
Esse trabalho pretende investigar elementos do Realismo Fantástico nas telenovelas brasileiras, mais precisamente, na telenovela Saramandaia, de Dias Gomes, a fim de, comprovar que, os recursos literários utilizados pelo autor em transposição para outro veículo difusório (televisão), alegoricamente perpassam pelo momento “real” da história do Brasil da época, mas detidamente, a ditadura militar. Outrossim, discorremos acerca das telenovelas como formadoras iniciais de leitores da literatura, arrolando aspectos relacionais entre mídia de massa e cânone literário. A difusão da literatura, por meio da desterritorialização de seu objeto material por excelência (o livro), pode problematizar os modos pelos quais acessamos e nos apropriamos das artes, no sentido de que esse movimento de aquisição não é tão engessado, retilíneo, ou cartesiano, uma vez que o estudo da cultura de massa nos mostra que o sistema construído pelo mass media é, também, uma maneira particular dos sujeitos deflagrarem ações ativas de posse oblíqua das artes ditas eruditas. Assim, em suma, toda classificação e/ou conceitualização do que é arte tira de seu escopo a operacionalização da cultura, que por si só, já traz uma ideia de enquadramento entre o que “bom e ruim”, “certo e errado” na seara nada neutra das concepções absolutistas da indústria cultural, e coloca-o na pluralização de suas identidades não fixas. Por essa razão, tratamos de culturas e não mais de cultura, já que o artístico não se encontra enrijecido na impotência de regularizações, mas projeta uma mecânica de produção e de reprodução entre elementos das artes, logo, de elementos das culturas.
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