Políticas de currículo para as escolas do campo: pensando a alteridade, diferença e os outros da e na política

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/teias.2023.78907

Palavras-chave:

políticas de currículo, escolas do campo, discurso, diferença, alteridade.

Resumo

O presente artigo apresenta uma discussão acerca das contribuições e possibilidades de pensar as políticas de currículo em uma perspectiva pós-estrutural e pós-fundacional, articulada entre alguns conceitos de Derrida, como desconstrução, différance e alteridade e sua relação com o pensamento de hegemonia em Laclau. A partir da relação e do diálogo possível, realizamos um investimento audacioso de compreensão para pensar o campo das políticas curriculares para a educação do campo em tempos de tentativa de centralização curricular, com a BNCC, mas ainda a partir de políticas e currículos estaduais, locais, que intentam sob a domesticação da diferença e representação de uma identidade plena de um Outro, visto nos currículos como uma projeção realizável de uma identidade plena possível por meio de uma formação homogênea. Noções como discurso, alteridade, subjetivação, articulação, hegemonia, equivalência, diferença, antagonismo além do conceito de demandas na constituição de processos de identificações na/da política são discutidos. Por fim, entendemos o currículo como prática articulatória e a política como movimento de produção de sentidos conectada com a cultura e com os processos de diferir e, por isso, a diferença e a alteridade são vistas como potencializadoras da criatividade nas políticas e nos currículos. Argumentamos ainda, em favor da defesa do não fechamento definitivo da significação, operando na textualidade e rejeitando a ideia de um ‘conhecimento poderoso’ que garanta projetos e modelos de formação pré-definidos e apostando na tradução e na desconstrução como lugares abertos à significação, como conjunto de possibilidades imprevistas, abertas às subjetivações, negociações e traduções, ao por vir.

Biografia do Autor

Jéssica Rochelly da Silva Ramos, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Centro Acadêmico do Agreste - CAA.

Doutoranda em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco- UFPE, Mestre em Educação Contemporânea e Pedagoga pela UFPE/CAA. Membro do Laboratório de Pesquisas em Políticas Públicas, Currículo e Docência pelo PPGECM/UFPE/CAA. Membro da Associação Brasileira de Currículo-ABdC e Membro da Rede Brasileira de Teoria do Discurso.

Kátia Silva Cunha, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Centro Acadêmico do Agreste - CAA.

Doutora em Educação, Mestra em Educação e Pedagoga pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE,
Professora Associada da Universidade Federal de
Pernambuco UFPE/CAA.

Leonardo da Silva Santos, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Centro Acadêmico do Agreste - CAA.

Doutor em Agronomia, Mestre em Agronomia e  Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal da Paraíba -  UFPB e Licenciando em Ciências Biológicas -UFPE.

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Publicado

04-12-2023

Como Citar

Ramos, J. R. da S., Cunha, K. S., & Santos, L. da S. (2023). Políticas de currículo para as escolas do campo: pensando a alteridade, diferença e os outros da e na política. Revista Teias, 24(75), 124–136. https://doi.org/10.12957/teias.2023.78907

Edição

Seção

“Vocês são importantes…”: questões de alteridade e diferença nas políticas curriculares