Entre Sísifo e Chronos: uma reflexão sobre tempos da docência, da infância e da esperança
DOI:
https://doi.org/10.12957/teias.2021.62392Palavras-chave:
tempo de espera, tempo de esperança, docência na pandemiaResumo
Sísifo, figura da mitologia grega, evoca-nos duas distintas ideias: a sagacidade que ludibria os poderosos — por duas vezes enganou as forças do submundo e escapou à morte — e o sofrimento de um esforço que jamais finda. Condenado a uma pena exemplar por enganar as forças do inferno, Sísifo é submetido a um ordálio cíclico e sem fim. Contudo, fica uma questão: Teria a atuação docente, principalmente durante o isolamento social e suas aulas remotas, seu quê de pena sisífica? Ou existe no aparente castigo do filho de Éolo mais que as aparências sugerem? O presente artigo apresenta uma aproximação entre o mito de Sísifo e o fazer docente voltado ao atendimento às classes populares, revelando um drama sob a ótica do esperançar freireano, sob os auditores de diferentes dimensões do tempo: Chronos, Aión e Kairós. Tal drama surge no tempo aiônico, o tempo da infância, no tempo do fazer sempre de novo sem deixar pesar em vão o fardo da pedra. Pedra esta ressignificada no presente texto, repensada como um fazer sempre novo, mesmo que aparentemente repetitivo. Aludimos ao esforço sísifo de carregar a mesma pedra morro acima a prática docente pautada no ensinar e aprender que se confundem e se complementam em uma espera esperançosa e utópica imbricada no inconformismo e na fé da emancipação social.
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