QUESTÕES BAKHTINIANAS PARA UMA HETEROCIÊNCIA HUMANA

Resumo

Em 2010 fui a um evento científico, na Universidade Federal de São Carlos, cujo nome me arrebatou: Círculo: Rodas de conversa bakhtiniana. O que iria acontecer a partir dessa ida a São Carlos, não poderia prever. Logo na Roda inicial conheci os dois bakhtinianos que escuto, atualmente, para compreender Bakhtin: Miotello e Ponzio, ao lado do Wanderley Geraldi, que já conhecia de outros lugares. Naquele momento a teoria bakhtiniana, que eu pensava que compreendia, desde 1995, começou a fazer sentido, e os sentidos que ali circularam impregnaram toda minha forma de pensar a educação, os diálogos na universidade, na escola e na vida. Essa entrevista que ora inicio foi realizada com o professor Valdemir MIotello, que considero ser hoje, no Brasil, um dos maiores pesquisadores e estudiosos de Bakhtin, na parceria e diálogo com outros pesquisadores e estudantes, como não poderia deixar de ser, para um bakhtiniano. Mestre e Doutor em Linguística, advindo de uma formação em Filosofia, o professor Miotello hoje coordena o importante Grupo de Estudos que ele carinhosamente chama de GEGe - Grupo de Estudos dos Gêneros do Discurso, na Universidade Federal de São Carlos, onde leciona. O que se deve dizer sobre o Miotello é que, além de ser um profundo estudioso de Bakhtin, ele é um sujeito bakhtiniano em sua grandeza: generoso, alegre, irreverente, congregador. Com seus muitos estudantes, organiza os diálogos no cotidiano dos estudos na Universidade e os circula em muitas rodas de conversa, agora circundantes pelo Brasil. Ouvir o Miotello é inspirador, e nos dá esperanças. Eu encontrei muitas, ao voltar das rodas de conversa, e gostaria que vocês também tivessem essa oportunidade de conhecê-lo e de fazer parte do círculo que ele não deixa parar de girar, como bem queria Bakhtin. Nossa entrevista se deu através da troca de cartas, e aqui mantive o formato desse diálogo epistolar. Vamos à conversa!