UM DEFEITO DE COR” E A NECESSIDADE DE DEBATER A ESCRAVIDÃO DA MULHER NEGRA NA EDUCAÇÃO BÁSICA
DOI:
https://doi.org/10.12957/redoc.2019.47250Palavras-chave:
Um Defeito de Cor, Mulheres Negras, Escravização, Educação Básica.Resumo
O presente trabalho tem como objetivo analisar a escravização da mulher negra no Brasil e a metamorfose desta enquanto sujeito sociocultural e político. O texto dedicar-se-á revelar as sequelas dos prolixos e padecidos anos de exploração e misoginia que afetaram e ainda afetam as mulheres negras, evidenciando a importância da presença desse debate na educação básica brasileira, conforme prevê a Lei nº 11.645/08 que diz “[...] nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena” (BRASIL, 2008). O estudo será feito a partir da ótica de Gonçalves (2011), presente no livro “Um Defeito de Cor”, que narra a história de Kehinde, uma mulher negra e africana que foi sequestrada na África, ainda criança, por traficantes de escravos e trazida para o Brasil. Discussões que permeiam as violências simbólicas, preconceito, machismo e racismo farão parte dessa produção, bem como as vivências da mulher escravizada em solo brasileiro no século XIX, espaço e tempo da obra em questão. A criticidade sobre as concepções da falsa superioridade de raças impostas no século XVI e ratificadas pela sociedade contemporânea resulta na reflexão do espaço da mulher negra, de sua luta cotidiana e do seu poder de ruptura de fundamentos do patriarcado brasileiro. A partir dessa análise, tem-se por carência tecer os (desa)fios que o racismo impõe. Destaca-se a importância de revisitar questões, como a descolonização, na educação básica brasileira.
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