Desentendimento na política curricular: um problema de sentido
Resumo
Escrevemos este artigo perseguidos pela seguinte provocação: “a política supõe mais do que as palavras que a definem”. Em decorrência de um projeto de pesquisa interinstitucional, escutamos esta fala quando acompanhávamos uma roda de conversa para a produção de uma política curricular de uma rede pública municipal de educação. Levando a sério a fala de professores e professoras com quem tivemos contato, pretendemos reimaginar a política curricular em seu quadrante notoriamente afetivo e sensível, entendendo-a como uma coreografia de afecções e expressões entre corpos de diferentes naturezas. A nosso ver – ao cartografarmos um processo de reformulação curricular –, a experiência política é instaurada e pode ser pensada através de uma relação dissensual e imanente aos atos de ver, fazer e falar, tal como elabora Jacques Rancière em diversos escritos. Dito de outro modo, nosso argumento expõe como, por não concordamos e não termos consenso em relação àquilo que o currículo é (o que acontece na escola, um documento oficial, uma prática de significação, a própria vida: as definições não são totalizáveis), a política de currículo se manifesta enquanto um espaço-tempo de convergência e derrame da diferença. Neste percurso, ergue-se um problema de sentido na política, isto é, de como as palavras e as coisas se (des)articulam e em suas respectivas irredutibilidades; movimento que produz distintos regimes de sensorialidade em comunidades políticas no seio da experiência curricular.
Palavras-chave
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PDFDOI: https://doi.org/10.12957/teias.2022.70180
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ISSN 1518-5370 [impresso] • 1982-0305 [eletrônico]
Teias, uma publicação eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Educação – ProPEd/UERJ
Qualis/Capes - A2 (2017/2018) DOI: 10.12957/teias