Organização do cuidado às pessoas com sobrepeso e obesidade no Estado do Rio de Janeiro: o olhar de profissionais da Atenção Primária à Saúde

Autores

  • Camilla Ezequiel da Cunha Belo Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Livia Cardoso Gomes Rosa Universidade do Estado do Rio de Janeiro/ Secretaria Municipal de Saúde de São Gonçalo.
  • Jorginete de Jesus Damião Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Evelyne Lobato Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
  • Luciene Burlandy Universidade Federal Fluminense
  • Luciana Maria Cerqueira Castro Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

DOI:

https://doi.org/10.12957/demetra.2022.69119

Palavras-chave:

Obesidade. Cuidado. Integralidade em saúde. Atenção Primária à Saúde.

Resumo

Introdução: A obesidade e outras doenças crônicas não transmissíveis têm sido responsáveis por 63% das mortes no mundo e demandam um sistema de saúde organizado para o cuidado a essas pessoas. Objetivo: Este estudo tem como objetivo analisar a organização do cuidado às pessoas com sobrepeso e obesidade em municípios do Estado do Rio de Janeiro na perspectiva de profissionais da Atenção Primária à Saúde. Métodos: Participaram 265 profissionais de 26 municípios que realizaram um curso de formação nesta temática. Os profissionais foram indicados por gestores e realizaram inscrição via questionário eletrônico, com informações relativas ao seu perfil pessoal e profissional e à organização do cuidado às pessoas com obesidade, com perguntas objetivas e discursivas. As questões abertas foram analisadas por exploração, categorização e interpretação do material. Resultados: Foram identificadas fragilidades em termos de estratégias, instrumentos, sistemas e processos que são fundamentais para a organização do cuidado na perspectiva da atenção integral à saúde, dentre elas a escassez de recursos financeiros, equipe insuficiente, mudança de gestão, rotatividade de profissionais e a (in)compreensão do papel de cada profissional para o cuidado da obesidade. Considerações finais: Os achados ratificam a necessidade de investir em estratégias e ações para qualificar a oferta de serviços de saúde e o cuidado às pessoas com sobrepeso e obesidade.

Biografia do Autor

Camilla Ezequiel da Cunha Belo, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Nutricionista, graduada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Livia Cardoso Gomes Rosa, Universidade do Estado do Rio de Janeiro/ Secretaria Municipal de Saúde de São Gonçalo.

Doutoranda em Alimentação, Nutrição e Saúde do Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Sanitarista da Secretaria Municipal de Saúde de São Gonçalo.

Jorginete de Jesus Damião, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutora em Saúde Coletiva. Professora associada do Departamento de Nutrição Social/ Instituto de Nutrição. Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Evelyne Lobato, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Doutora em Saúde Pública. Professora substituta do Departamento de Nutrição Social/ Instituto de Nutrição. Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Luciene Burlandy, Universidade Federal Fluminense

Doutora em Saúde Pública. Professora associada da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal Fluminense.

Luciana Maria Cerqueira Castro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Doutora em Saúde Coletiva. Professora associada do Departamento de Nutrição Social/ Instituto de Nutrição. Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Referências

Malta DC, Andrade SSC de A, Oliveira TP, Moura L de, Prado RR do, Souza M de FM de. Probabilidade de morte prematura por doenças crônicas não transmissíveis, Brasil e regiões, projeções para 2025. Revista Brasileira de Epidemiologia. 2019; 22: 190030.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2021: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2021 / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis. Brasília: Ministério da Saúde, 2021.

IBGE. Pesquisa Nacional de saúde: 2019: atenção primária à saúde e informações antropométricas: Brasil / IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. - Rio de Janeiro: IBGE, 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022. Brasília: Ministério da Saúde, 2011.

CÂMARA INTERMINISTERIAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL. Estratégia Intersetorial de Prevenção e Controle da Obesidade: recomendações para estados e municípios. Brasília, DF: CAISAN, 2014.

BRASIL. Ministério da saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014b.

RIO DE JANEIRO. Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. Subsecretaria de Atenção à Saúde, Subsecretaria de Vigilância em Saúde. Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) no Estado do Rio de Janeiro, 2013-2022. Rio de Janeiro, 2012.

Burlandy L, Teixeira MRM, Castro LMC, Cruz MCC, Santos CRB, Souza SR de, et al. Modelos de assistência ao indivíduo com obesidade na atenção básica em saúde no Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saúde Pública [Internet]. 13 de março de 2020.

Mendes EV. As redes de atenção à saúde [Internet]. Organização Pan-Americana da Saúde; 2001. [citado 15 de dezembro de 2021]. Disponível em: http://repositorio.asces.edu.br/jspui/handle/123456789/1314

Viana AL d’Ávila, Bousquat A, Melo GA, Negri Filho AD, Medina MG. Regionalização e Redes de Saúde. Ciênc. saúde coletiva. junho de 2018;23:1791–8.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria MS nº 424, 19 de março de 2013. Redefine as diretrizes para a organização da prevenção e do tratamento do sobrepeso e obesidade como linha de cuidado prioritária da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 19 mar. 2013b. Seção 1, p.55/56.

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 425, de 19 de março de 2013. Estabelece regulamento técnico, normas e critérios para a Assistência de Alta Complexidade ao Indivíduo com Obesidade. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 19 mar. 2013b. Seção 1, p. 59/63.

Lopes MS, Freitas PP, Carvalho MC, Ferreira NL, Campos SF, Menezes MC, et al. Challenges for obesity management in a unified health system: the view of health professionals. Family Practice. 2021;38(1):4–10.

Borges SAC, Porto PN. Por que os pacientes não aderem ao tratamento? Dispositivos metodológicos para a educação em saúde. Saúde debate. junho de 2014;38:338–46.

Marsiglia RMG. Perfil dos trabalhadores da atenção básica em saúde no município de São Paulo: região norte e central da cidade. Saúde e Sociedade. 2011;20:900–11.

Carvalho ALB de, Ouverney ALM, Carvalho MGO de, Machado NM da S. Enfermeiros (as) gestores (as) no Sistema Único de Saúde: perfil e perspectivas com ênfase no Ciclo de Gestão 2017-2020. Ciência & Saúde Coletiva. 2019;25:211–22.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Contribuições dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família para a Atenção Nutricional [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2017.

Ramos DB das N, Burlandy L, Dias PC, Henriques P, Castro LMC, Teixeira MRM, et al. Propostas governamentais brasileiras de ações de prevenção e controle do sobrepeso e obesidade sob perspectiva municipal. Cadernos de Saúde Pública. 2020;36.

Araújo MB de S, Rocha P de M. Trabalho em equipe: um desafio para a consolidação da estratégia de saúde da família. Ciência & saúde coletiva. 2007; 12:455–64.

Amparo-Santos L, França SLG, Reis ABC. Diferentes olhares e múltiplas expressões. 2020.

Castro ALB de, Machado CV. A política federal de atenção básica à saúde no Brasil nos anos 2000. Physis: revista de saúde coletiva. 2012;22:477–506.

Secretaria de Saúde. Governo do Estado do Rio de Janeiro. Panorama das equipes do Núcleo de Apoio à Saúde da Família no estado do Rio de Janeiro. 2021. Disponível em: https://www.saude.rj.gov.br/comum/code/MostrarArquivo.php?C=Mzc5NTA%2C. Acesso em: 15 nov 2021

Novo financiamento da atenção básica: possíveis impactos sobre o Nasf-AB [Internet]. Cebes. [citado 15 de dezembro de 2021]. Disponível em: http://cebes.org.br/2020/02/novo-financiamento-da-atencao-basica-impactos-sobre-o-nasf-ab/

Giovanella L, Franco CM, Almeida PF de. Política Nacional de Atenção Básica: para onde vamos? Ciênc saúde coletiva. 6 de abril de 2020;25:1475–82.

Campos CV de A, Malik AM. Satisfação no trabalho e rotatividade dos médicos do Programa de Saúde da Família. Revista de Administração Pública. 2008;42:347–68.

Schimith MD, Lima MAD da S. Acolhimento e vínculo em uma equipe do Programa Saúde da Família. Cadernos de Saúde Pública. 2004;20:1487–94.

Seidl H, Vieira S de P, Fausto MCR, Lima R de CD, Gagno J. Gestão do trabalho na Atenção Básica em Saúde: uma análise a partir da perspectiva das equipes participantes do PMAQ-AB. Saúde debate. outubro de 2014;38:94–108.

Facchini LA, Tomasi E, Dilélio AS. Qualidade da Atenção Primária à Saúde no Brasil: avanços, desafios e perspectivas. Saúde debate. setembro de 2018;42:208–23.

REDENUTRI. Saiba mais sobre a prática da Vigilância Alimentar e Nutricional. 14 de julho de 2016. [citado em 15 de dezembro]. Disponível em: http://ecos-redenutri.bvs.br/tiki-read_article.php?articleId=1636

Brandão AL, Reis EC dos, Silva CVC da, Seixas CM, Casemiro JP. Estrutura e adequação dos processos de trabalhos no cuidado à obesidade na Atenção Básica brasileira. Saúde debate. 16 de novembro de 2020;44:678–93

Barbosa DVS, Barbosa NB, Najberg E. Regulação em Saúde: desafios à governança do SUS. Cadernos Saúde Coletiva. 2016;24:49–54.

Bastos LBR, Barbosa MA, Rosso CFW, Oliveira LM de AC, Ferreira IP, Bastos DA de S, et al. Práticas e desafios da regulação do Sistema Único de Saúde. Revista de Saúde Pública. 2020;54:25.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas nas redes de atenção à saúde e nas linhas de cuidado prioritárias. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013c.

Malta DC, Merhy EE. O percurso da linha do cuidado sob a perspectiva das doenças crônicas não transmissíveis. Interface-Comunicação, Saúde, Educação. 2010;14:593–606.

Brito GEG de, Mendes A da CG, Neto PM dos S, Farias DN de. Perfil dos trabalhadores da Estratégia Saúde da Família de uma capital do nordeste do Brasil. Revista de APS. [Internet]. 2016 [citado 15 de dezembro de 2021];19(3). Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/aps/article/view/15770

Mattos RA. Os sentidos da integralidade: algumas reflexões acerca dos valores que merecem ser defendidos. In: Pinheiro R, Mattos RA, organizadores. Os sentidos da integralidade na atenção e no cuidado à saúde. Rio de Janeiro: IMS- UERJ/ABRASCO; 2001; 39-64.

Cavalcante EFL. Planejamento e coordenação de ações de alimentação e nutrição: enfrentamento do sobrepeso e da obesidade no município do Rio de Janeiro [PhD Thesis]. 2017.

Figueiredo ATT de, Tavares FC de LP, Silveira PRRM, Costa EC, Oliveira AA de, Lira PIC de. Percepções e práticas profissionais no cuidado da obesidade na Estratégia Saúde da Família. Revista de Atenção à Saúde [Internet]. 23 de julho de 2020.

- Araújo FK, Mourão GMJ, Costa MCB, Alberto NSLMC, Pereira RG, Ramos CV. Atenção nutricional para obesidade em unidades básicas de saúde. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, 2019; 13 (79):385-93

Publicado

2023-01-28

Como Citar

Belo, C. E. da C., Gomes Rosa, L. C., Damião, J. de J., Lobato, E., Burlandy, L., & Castro, L. M. C. (2023). Organização do cuidado às pessoas com sobrepeso e obesidade no Estado do Rio de Janeiro: o olhar de profissionais da Atenção Primária à Saúde. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde, 17, e69119. https://doi.org/10.12957/demetra.2022.69119

Edição

Seção

Alimentação e Nutrição em Saúde Coletiva