sobre facas, infantia, e o inumano: uma leitura lyotardiana de incendies
DOI:
https://doi.org/10.12957/childphilo.2016.23520Palavras-chave:
infantia, J.-F. Lyotard, inhumanResumo
Este texto é uma tentativa de oferecer uma leitura de Incendies, um filme canadense de 2010 escrito e dirigido por Denis Villeneuve, adaptado a partir da obra de Wajdi Mouawad, à luz da noção de infantia de J.-F. Lyotard. A partir desta perspectiva, fazemos uma distinção entre a infância como um etapa temporal da vida humana e a infantia como uma condição humana atemporal: infantia pode ser descrita como a diferença entre o que pode e o que não pode ser dito - o indizível, algo perdido que habita, imperceptivelmente, o dizível como sua sombra, o seu lembrete, algo tácito que funciona como uma condição de possibilidade, a fim de que algo significativo possa ser dito. Como tal, é uma forma do inumano, oposta a outra forma de o inumano, chamado de "desenvolvimento", "competição", "democracia representativa", "mercado", "mundo livre", ou simplesmente "capitalismo". Lyotard afirma que a tarefa política da literatura e da arte é lembrar aquele outro desumano, o que cada alma humana carrega pelo fato de ter nascido de uma necessidade, forçada a abandonar sua condição de indeterminação. "Política", para Lyotard, é a resistência ao inumano da ordem capitalista por meio de lembrar esse outro inumano a partir do qual toda ordem emerge. Esta é a força estética e política de Incendies: apresentar a nós, por meio de sua heroína, "a mulher que canta," um apelo para lembrar o desumano silenciado de onde viemos, e que nossa vida social nos fez esquecer.Downloads
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Publicado
2016-06-25
Como Citar
KENNEDY, David; KOHAN, Walter omar. sobre facas, infantia, e o inumano: uma leitura lyotardiana de incendies. childhood & philosophy, Rio de Janeiro, v. 12, n. 23, p. 137–154, 2016. DOI: 10.12957/childphilo.2016.23520. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/23520. Acesso em: 1 maio. 2025.
Edição
Seção
dossiê