crianças pequenas discutem o conflito

Resumo

Se há um intruso constante que, sem ser convidado, surge na sala de aula da escola pública ou mesmo em qualquer ambiente em que as crianças se reunam em grande número, é o conflito. As transcrições trazidas para esta reflexão, sobre como as crianças pequenas juntas pensam o conflito, refletem dois conjuntos de quatro partes de conversas com duas turmas de segundo ano de uma pequena escola de cerca de trezentos alunos de uma cidade predominantemente de classe média e média alta de um subúrbio em uma área metropolitana densamente povoada do nordeste do EUA. A maioria dos exemplos de conflito que as crianças escolheram para oferecer situam-se em suas vidas com amigos, conhecidos ou irmãos, ou são incidentes entre adultos aos que elas haviam testemunhado. Parecia haver um nível de tolerância, e mesmo de expectativa e afirmação em suas vidas desses pequenos conflitos, que já se haviam tornado ocorrências naturais para elas. Amplas seções de quatro das transcrições estão incluídas, com comentários. Na primeira, o conflito é representado pelo grupo como uma competição, seja entre duas pessoas ou seja diante de duas possibilidades das quais apenas uma pode ser realizada (a "bifurcação na estrada"). Há discordância quanto à possibilidade de conflitos interpessoais poderem ser evitados. A segunda seção gira em torno do potencial de reorganização ou reconstrução do conflito. A terceira seção retoma a questão de saber se podemos dizer que, para além dos seres vivos, há um conflito na natureza - ou seja, se o conflito pode ser considerado um princípio metafísico ou pelo menos ontológico. A transcrição e a análise dos argumentos são acompanhados por reflexões sobre as diferentes atmosferas sociais das duas turmas, suas possíveis relações com os estilos de discussão das duas, e sobre a possibilidade de uma forma de pedagogia que permita a auto-organização da vida em grupo e o papel do conflito na dialética do desenvolvimento.