A influência de fatores sócio-funcionais e o papel das Tradições Discursivas na gramaticalização da construção Vossa Mercê

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/soletras.2025.90063

Resumo

Resumo: O presente trabalho analisa quantitativa e qualitativamente os usos da construção Vossa Mercê em documentação medieval e clássica portuguesa de modo a investigar, à luz dos pressupostos teóricos da Linguística Funcional, quais fatores sintático-semânticos, discursivos e sócio-pragmáticos atuaram no processo de gramaticalização dessa construção. Os resultados indicam que a construção como sintagma nominal era mais comum em textos mais antigos e que as ocorrências de Vossa Mercê como forma de tratamento sofrem um aumento a partir da segunda metade do século XV. A análise de estruturas recorrentes com Vossa Mercê nas crônicas medievais mostra que a capacidade do Rei de conceder mercês, isto é, as atribuições reais se confundiram, metonimicamente, com a própria figura do Rei. Assim, de uma estratégia discursiva que garantia polidez em atos comunicativos de pedidos destinados ao Rei, Vossa Mercê passa a ser utilizada em referência direta a sua pessoa e depois a qualquer outro alocutário com menor poder. Os resultados também comprovaram que o sintagma Vossa Mercê pode ter sido transportado para as crônicas medievais e clássicas por meio da influência de uma tradição discursiva latina mais antiga inserida primeiramente na documentação epistolar, como proposto por Koch (2008).

Palavras-chave: Vossa mercê. Gramaticalização. Tradições discursivas. Linguística funcional.

Biografia do Autor

Luciano Correa de Moraes Junior, UFRJ

Doutorando em Língua Portuguesa pela UFRJ desde o primeiro semestre de 2023 com Bolsa CAPES. Mestre em Língua Portuguesa pela UFRJ em 2022 com Bolsa Nota 10 da FAPERJ. Possui licenciatura em Letras: Português/Espanhol pela UFRJ (2015-2019).

Célia Regina dos Santos Lopes, UFRJ

Professora Titular de Língua Portuguesa na Faculdade de Letras da UFRJ onde atua desde 1994. Doutorou-se em 1999 pelo PPGLEV/UFRJ. Bolsista de Produtividade do CNPq desde 2006.

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Publicado

2025-04-30

Edição

Seção

Dossiê 51: Perspectivas históricas nos estudos linguístico-gramaticais