Junho de 2013: crítica e abertura da crise da democracia representativa brasileira
DOI:
https://doi.org/10.12957/revmar.2018.31322Palavras-chave:
História do Brasil Recente, Democracia, Manifestações de Junho de 2013Resumo
O presente artigo reconhece a centralidade das Manifestações de Junho de 2013 como um ponto de inflexão para a abertura da crise do modelo democrático-representativo experimentada ainda hoje. Defende que se forma a partir daquele mês de junho um ambiente social crítico a este sistema político, apontando para a necessidade de reajuste das práticas políticas dos representantes e do efetivo cumprimento do pacto constitucional de 1988. Após explorar a historicidade e o potencial semântico do conceito de democracia – em seu caráter inconcluso e suscetível à crítica permanente da sociedade civil – e caracterizar o modelo democrático brasileiro pós-88, o artigo avança nas ambivalências de junho a partir do exame dos discursos políticos dos atores à época, distinguindo dois tempos: o primeiro canalizado pelo Movimento Passe Livre, centrado no debate sobre o direito ao transporte público e à tarifa zero e, de modo mais amplo, no direito à cidade; o segundo, sem um centro organizador tão evidente, mas com clara tentativa de apropriação por parte da grande imprensa, disparava reivindicações múltiplas associadas ao combate à corrupção. Na soma não excludente dos dois tempos está a formação de um grande ambiente de crítica ao modelo democrático representativo vigente e a suas práticas.
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