O desafio do manejo das dificuldades alimentares na infância: uma análise crítica do guia de orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria
DOI:
https://doi.org/10.12957/demetra.2022.69149Palabras clave:
Nutrição da criança. Guias alimentares. Transtornos de alimentação na infância.Resumen
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou em abril de 2022 um guia de orientações para o manejo das dificuldades alimentares (DA) com a colaboração da DANONE Nutricia®. Este artigo analisa criticamente a publicação, explicitando suas fragilidades conceituais. Foram identificados: presença de conflito de interesses, imprecisões na definição e nas prevalências de DA, ausência de uma definição clara para alimentação adequada e saudável, abordagem nutriente-centrada e ausência de contextualização das DA com o panorama alimentar e nutricional das crianças brasileiras. A literatura na área de DA é escassa, com muitas publicações declarando conflito de interesses devido à prestação de serviços dos autores para a indústria de alimentos ou farmacêutica. Preferências alimentares são determinadas por uma complexa interação entre fatores intrínsecos e extrínsecos. Sendo assim, é de se esperar que uma publicação sobre alimentação na infância destaque a influência dos aspectos sociais, ambientais e do sistema alimentar vigente nos padrões alimentares da criança e da família. Apesar das evidências atualmente disponíveis, a publicação da SBP propõe enfoque nas consequências biológicas das DA, no manejo com objetivo restrito a garantir aporte energético/nutricional adequado, no monitoramento do crescimento / desenvolvimento da criança e na discussão de soluções para as DA que dependem de produtos alimentícios que podem ser classificados como ultraprocessados. Pode-se concluir que a falta de um referencial teórico robusto e livre de conflito de interesses sendo empregado como fio condutor na construção das recomendações propostas impede que um guia orientativo apoie a qualificação da atenção integral à saúde da criança.
Citas
- Brasil. Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Guia de orientações - dificuldades alimentares. São Paulo: Departamento Científico de Nutrologia/SBP; 2022.
- Kerzner B, Milano K, MacLean WC, Berall G, Stuart S, Chatoor I. A practical approach to classifying and managing feeding difficulties. Pediatrics. 2015;135(2):344-53. DOI: 10.1542/peds.2014-1630
- Taylor CM, Wernimont SM, Northstone K, Emmett PM. Picky/ fussy eating in children: review of definitions, assessment, prevalence and dietary intakes. Appetite. 2015;95:349-59. DOI: 10.1016/j.appet.2015.07.026
- Emmett PM, Hays NP, Taylor CM. Antecedents of picky eating behaviour in young children. Appetite. 2018;130:163-73. DOI: 10.1016/j.appet.2018.07.032
- Taylor CM, Emmett PM. Picky eating in children: causes and consequences. Proc Nutr Soc. 2019;78(2):161-9. DOI: 10.1017/S0029665118002586
- Gomes FS. Conflitos de interesse em alimentação e nutrição. Cad Saúde Pública. 2015;31(10):2039-46. DOI: 10.1590/0102-311XPE011015
- Nestle M. Food company sponsorship of nutrition research and professional activities: a conflict of interest? Public Health Nutr. 2001;4(5):1015-22. DOI: 10.1079/phn2001253
- Brasil. Ministério da Saúde. Guia Alimentar para a População Brasileira. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.
- Brasil. Ministério da Saúde. Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de Dois Anos. Brasília: Ministério da Saúde; 2019.
- Blissett J, Fogel A. Intrinsic and extrinsic influences on children’s acceptance of new foods. Physiol Behav. 2013;121:89–95. DOI: 10.1016/j.physbeh.2013.02.013
- Gibson EL, Cooke L. Understanding food fussiness and its implications for food choice, health, weight and interventions in young children: the impact of Professor Jane Wardle. Curr Obes Rep. 2017;6(1):46-56. DOI: 10.1007/s13679-017-0248-9
- Lioret S, Betoko A, Forhan A, Charles MA, Heude B, Lauzon-Guillain B, et al. Dietary Patterns Track from Infancy to Preschool Age: Cross-Sectional and Longitudinal Perspectives. J Nutr. 2015;145(4):775-82. DOI: 10.3945/jn.114.201988
- Mennella JA. Ontogeny of taste preferences: basic biology and implications for health. Am J Clin Nutr. 2014;99(suppl):704S–11S. DOI: 10.3945/ajcn.113.067694
- Keren M. Eating and feeding disorders in the first five years of life: revising the DC:0–3R diagnostic classification of mental health and developmental disorders of infancy and early childhood and rationale for the New DC:0–5 proposed criteria. Infant Ment Health J. 2016;37(5):498-508. DOI: 10.1002/imhj.21588
- Silva MA, Milagres LC, Castro APP, Filgueiras MS, Rocha NP, Hermsdorff HHM, et al. O consumo de produtos ultraprocessados está associado ao melhor nível socioeconômico das famílias das crianças. Ciênc Saúde Coletiva. 2019;24(11):4053-60. DOI: 10.1590/1413-812320182411.25632017
- Brasil. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Alimentação Infantil I: Prevalência de indicadores de alimentação de crianças menores de 5 anos. Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI 2019). Rio de Janeiro: UFRJ; 2021.
– Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). [internet] Rio de Janeiro: IBGE. [cited 2022 jul 14]. Available from: https://bit.ly/3R7SDp0
- Monteiro CA, Moubarac J-C, Cannon G, Ng SW, Popkin B. Ultra-processed products are becoming dominant in the global food system. Obes Rev. 2013;14(Suppl 2):21-8. DOI: 10.1111/obr.12107
- Brasil. Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Alimentação na primeira infância: conhecimentos, atitudes e práticas de beneficiários do Programa Bolsa Família. Brasília: UNICEF; 2021.
- Wright CM, Parkinson KN, Shipton D, Drewett RF. How do toddler eating problems relate to their eating behavior, food preferences, and growth? Pediatrics. 2007;120(4):e1069-75. DOI: 10.1542/peds.2006-2961
- Brand-Miller J, Atkinson F, Rowan A. Effect of added carbohydrates on glycemic and insulin responses to children’s milk products. Nutrients. 2013;5(1):23-31.DOI: 10.3390/nu5010023
- Anjos LA, Vieira DAS, Siqueira BNF, Voci SM, Botelho AJ, Silva DG. Low adherence to traditional dietary pattern and food preferences of low-income preschool children with food neofobia. Public Health Nutr. 2021;24(10):2859-66. DOI: 10.1017/S1368980020003912
- Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança. Orientações para Implementação. Brasília: Ministério da Saúde; 2018.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
DECLARACIÓN DE RESPONSABILIDAD
Título del manuscrito: ________________________________________________________
1. Declaración de responsabilidad
Certifico mi participación en el trabajo arriba titulado y hago pública mi responsabilidad por su contenido.
Certifico que el manuscrito representa un trabajo original y que ni éste ni ningún otro trabajo de mi autoría, en parte o en su totalidad, con contenido sustancialmente similar, fue publicado o fue enviado a otra revista, ya sea en el formato impreso o en el electrónico, excepto el descrito en el anexo.
En caso de aceptación de este texto por parte de Demetra: Alimentação, Nutrição & Saúde, declaramos estar de acuerdo con la política de acceso público y derechos de autor adoptada por Demetra, que establece lo siguiente: (a) los autores conservan los derechos de autor y la concesión a la revista el derecho de la primera publicación, el trabajo se licencia simultáneamente bajo la Licencia Creative Commons Attribution, que permite compartir el trabajo con el reconocimiento de autoría y la publicación inicial en esta revista; (b) los autores están autorizados a firmar contratos adicionales por separado para la distribución no exclusiva de la versión del trabajo publicado en esta revista (por ejemplo, publicación en un repositorio institucional o capítulo de libro), con reconocimiento de autoría y publicación inicial en esta revista; y (c) a los autores se les permite y alientan a publicar y distribuir su trabajo en línea (por ejemplo, en repositorios institucionales o en su página personal) en cualquier momento antes o durante el proceso editorial, ya que esto puede conducir a cambios productivos, así como aumentar el impacto y la cita del trabajo publicado.
2. Conflicto de interesses
Declaro no tener conflicto de intereses con el presente artículo.
Fecha, firma y dirección completa de todos los autores.