a infância, a meninice, as interrupções

Autores

  • carlos skliar Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales – FLACSO

Palavras-chave:

infancia, humanismo, escuela

Resumo

A infância, a nossa e a do mundo, tal como foi visto durante séculos pelo ideal humanista não está, não existe, foi-se, dificilmente retornará, talvez nunca tenha existido. Essa alma sem linguagem, afásica, titubeante, soçobrada, atordoada, descompassada, colecionadora, sonhadora, ingênua, metida para si em seu próprio mundo, enroscada nas próprias sensações, corresponde a uma época distinta a de hoje. Não sobreviveu à globalização, à escolarização cada vez mais precoce, nem às imagens pervertidas da publicidade, nem às representações naives que todos reproduzimos. Não sobrevive nem à demasiada fome nem ao demasiado consumo. Torna-se outra coisa. Algo uniformemente informe. Algo que não é a 'criança hoje na escola'. Não basta, ao menos para mim, dispor de um retrato elaborado de antemão ou de uma fotografia instantânea ou de uma cinematografia veloz e evanescente. O tema – a criança, hoje, a escola – que não é um tema, mas um transbordamento de questões, exige algo de detenção, de cuidado, mas ao mesmo tempo assumir riscos, de pôr em jogo percepções extremas. Não apenas o conceito de “crianças hoje na escola”, rápido e certeiro que, quiçá, depois seja sublinhado por alguém a quem desconheço.

Publicado

2012-06-22

Como Citar

skliar, carlos. (2012). a infância, a meninice, as interrupções. Childhood & Philosophy, 8(15), 67–81. Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/20738

Edição

Seção

artigos