Próclise em contexto inicial: brasileirismo sintático ou herança lusitana?
DOI:
https://doi.org/10.12957/soletras.2025.89387Abstract
A próclise em contexto inicial, comum na fala brasileira e ausente do Português Europeu contemporâneo (VIEIRA, 2002; BIAZOLLI, 2019), costuma ser considerada um brasileirismo sintático (COUTINHO, 1976). Em vista disso, este estudo investiga a colocação pronominal na obra Os Lusíadas, representativa do Português Clássico, com o objetivo de evidenciar que a próclise nesse contexto não representa um brasileirismo, mas uma herança da variedade de português trazida pelos colonizadores. Como aporte teórico, adota-se a perspectiva da deriva linguística (NARO; SCHERRE, 2003, 2007), segundo a qual muitas das alegadas características morfossintáticas da variedade brasileira não são resultantes do contato entre línguas, mas fenômenos que já existiam em Portugal, que foram ampliados no processo de nativização da língua portuguesa no Brasil. Os dados foram analisados a partir do arcabouço teórico-metodológico da Sociolinguística Variacionista (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006 [1968]). Os resultados revelaram que a próclise em contexto inicial estava em plena variação com a ênclise, não sendo, portanto, uma inovação do Português Brasileiro. Por conseguinte, este estudo fornece subsídios para a compreensão da origem de traços morfossintáticos da variedade brasileira por meio da abordagem de fenômenos gramaticais em perspectiva histórica, desconstruindo mitos inspirados na norma-padrão, que prestigia a variedade lusitana.
Palavras-chave: Próclise. Contexto inicial. Português Clássico. Brasileirismo.
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