"Pela conta dos que não contam"

a escrita na escola e a crítica ao consenso

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/soletras.2023.79512

Resumo

Retomamos o problema da produção de textos em sala de aula, investigando o modo como as políticas educacionais das últimas décadas podem estar favorecendo a fragmentação da posição enunciativa do aluno. Analisamos 28 redações produzidas por estudantes do Ensino Fundamental em resposta a um exercício inspirado no ENEM. Partimos de uma noção de Larrosa, para quem a política consiste na “comunicação dos desacordos”, a fim de analisar como os alunos tomam posição a respeito do tema em suas dissertações. Para tanto, lançamos mão de conceitos vinculados à Análise do Discurso (em especial, os de condições de produção, cena da enunciação, ethos e simulacro), com base nos quais analisamos algumas regularidades observáveis nos dados. Identificamos dois movimentos: de um lado, a imitação de um discurso militante tomado como modelo de enunciação presente no próprio exercício; de outro, uma série de “deslizes” por meio dos quais posições divergentes aparecem na superfície textual. Interpretamos estes últimos como ocorrências que podem resgatar o caráter político da escrita em sala de aula, na medida em que são pontos de fuga nos quais um sujeito ainda não se entregou à repetição da doxa escolar.

Biografia do Autor

Thomas Massao Fairchild, Universidade Federal do Pará

Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo. É docente da Universidade Federal do Pará desde 2009, onde atua na licenciatura em Letras – Língua Portuguesa, no Programa de Mestrado em Rede em Letras – PROFLETRAS e no Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL). Exerceu as funções de Diretor da Faculdade de Letras (2010-2013), Vice-Coordenador do PPGL (2017-2018) e Diretor-Adjunto do Instituto de Letras e Comunicação (2018-2022). Foi Primeiro Secretário da Associação Brasileira de Linguística – ABRALIN (2013-2015); presidente (2014-2016) e vice-presidente (2016-2018) da Associação Nacional de Pesquisa na Graduação em Letras – ANGPL; colabora com a Universidad Pedagógica Nacional Francisco Morazán – UPNFM (Honduras), com o Instituto Superior de Ciências da Educação – ISCED/Sumbe (Angola), com a Universidade de Santiago (Cabo Verde) e com a Universidade Pedagógica de Maputo (Moçambique). Integra a rede de pesquisa Leitura, Escrita e Produção de Conhecimento no Ensino Superior – LEPCES. Lidera do Grupo de Pesquisa em Discurso, Sujeito e Ensino – DISSE. Atua na formação de professores de língua materna. Pesquisa a leitura e a produção de textos a partir de um viés que problematiza a relação entre a escrita, a subjetividade e a produção de conhecimentos.

Natália Moraes Cardoso, Universidade Federal do Pará

Possui graduação em Letras - Língua Portuguesa (2012) e Língua Espanhola (2018) ambas pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Especialização em Educação e Cultura: Confluências (UFPA-2016) e em Metodologia do Ensino de Línguas Portuguesa e Estrangeira (UNINTER-2019). Mestrado em Letras pela Universidade Federal do Pará (2020). Atualmente é doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Pará na área de concentração em Estudos Linguísticos e atua professora efetiva da rede pública de ensino do município de Cametá. É membro do Grupo de Pesquisa em Discurso, Sujeito e Ensino (DISSE), onde desenvolve pesquisa sobre escrita no âmbito do ensino básico.

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Publicado

2023-12-31

Edição

Seção

Dossiê: A pesquisa sobre as línguas e as linguagens e suas interfaces com a educação básica