A propósito do material didático 'Integração Social' no Mobral

Resumo

Historicamente, o Brasil não tem sido capaz de promover o acesso e a permanência de todos na escola, principalmente aqueles de menor poder aquisitivo. Essa exclusão educacional gerou/gera a necessidade de políticas públicas educacionais que garantam o acesso e a permanência daqueles que não tiveram condições de frequentar a escola na idade regular. Nesse contexto, se insere o presente trabalho, que é um recorte da pesquisa de doutoramento que objetivou analisar o material didático “Integração Social”, volume 1, da matéria integração social, do Programa de Educação Integrada (PEI), da 1ª fase do ensino supletivo de 1º grau (2ª a 4ª séries), do Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), no período de 1967 a 1985. O MOBRAL foi um Programa destinado à educação de jovens e adultos durante a ditadura militar, pós-golpe de 1964. Após a análise do referido material didático, à luz do pensamento gramsciano, constatou-se que os textos e atividades propostas eram repetitivos, mecanizados, mnemônicos e descontextualizados, inviabilizando a reflexão e a crítica sobre as condições de vida dos alunos e as causas da elevada desigualdade social. A intenção era atender aos desafios da nova fase do capitalismo brasileiro, bem como controlar, coagir e dominar as classes subalternas, impondo os valores e interesses das classes dominantes, impedindo qualquer forma de participação política e contestação ao que estava posto, por parte dos oprimidos. Ademais, promovia-se uma ruptura com os movimentos de educação popular que contestavam a ordem vigente.