Infâncias queers importam?! Precariedade, subjetivação e dissidências didático-curriculares
DOI:
https://doi.org/10.12957/teias.2023.79075Palavras-chave:
Infâncias Queer, Precariedade, Educação.Resumo
Este ensaio abraça o intuito de problematizar as infâncias queers, entrevendo em suas superfícies corporais, efeitos político-performativos e dissidências didático-curriculares. Querendo, com isso, tanto debater a noção de infância queer e as formas difusas de precariedade que vivenciam como ação normativa em suas superfícies corporais; quanto evidenciar as fissuras constitutivas engendradas pela força performativa de seus corpos em contraposição à ação governamentalizada da política da aparência. Inicialmente retoma a problematização do surgimento da infância e sua relação com a emergência da modernidade e da instituição escolar, para, em seguida, tensionar a constituição de variadas práticas de produção de vidas intensamente precarizadas e o engendramento de uma aparência normativa para as infâncias queers que circunscrevem termos inteligíveis para o reconhecimento, desumanização e vulnerabilização de seus corpos. Dessa forma, tece algumas provocações sobre o cenário contemporâneo, apontando certas práticas conservadoras atuais e suas reiterações em torno de um regime normativo das infâncias, e entrevendo, como devir, as infâncias queers articulando, através do aparecimento, a proliferação potente de formas dissidentes de estar no mundo no urdimento de afetações didático-curriculares fortemente queerizadas.
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