Apesar da sombra da vigilância, uma escola...

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/teias.2023.78799

Palavras-chave:

Contracondutas, Experiências, Ética, Escola

Resumo

Pretendemos, com a discussão apresentada nesse artigo, analisar as recorrências discursivas produzidas nas/pelas práticas que acontecem em uma escola pública, inserida em contexto socioeducativo. Ancoradas teórico-metodologicamente nos estudos foucaultianos em educação e na filosofia da diferença, a pesquisa que dá condições para as análises construídas busca problematizar as práticas educacionais desenvolvidas nesse espaço, que se dão entre a sujeição e/ou a condução das condutas e as possibilidades de contracondutas. Para tanto, assumimos como material do estudo duas práticas produzidas em oficinas que acontecem na escola – Monólogo; e a letra de um Videoclipe: “Sonho de liberdade”. Os anúncios visualizados em tal materialidade nos possibilitam defender outras intencionalidades para as práticas que são desenvolvidas na/pela escola em questão, para além das técnicas de sujeição, práticas essas consideradas a partir da experiência e seu sentido singular e contingente, as quais compreendemos, possibilitam o exercício crítico do pensamento ao mesmo tempo que permitam afecção. Tais práticas, pelo movimento vivo de afetos que curto circuitam as relações, dão lugar ao exercício ético do cuidado de si e do cuidado com o outro.

Biografia do Autor

Lidiane da Silva Braz, Universidade Federal de Santa Maria / UFSM

Professora de Educação Especial da Rede pública de ensino. Licenciada em Educação Especial na Universidade Federal de Santa Maria/RS. Especialista em Psicopedagogia Instritucional pela UFRGS/UAB. Mestra em Educação pela Universidade Federal de Santa Maria. Doutoranda em Educação pelo programa de pós-graduação da UFSM.

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Publicado

04-12-2023

Como Citar

Braz, L. da S., & da Costa Pereira de Menezes, E. (2023). Apesar da sombra da vigilância, uma escola. Revista Teias, 24(75), 15–27. https://doi.org/10.12957/teias.2023.78799

Edição

Seção

“Vocês são importantes…”: questões de alteridade e diferença nas políticas curriculares