Carreira psicossocial de refugiadas com ensino superior: reconstruções identitárias e trabalho
DOI:
https://doi.org/10.12957/teias.2022.66088Palavras-chave:
refugiado, carreira, trajetória de trabalhoResumo
Considerando a agenda de pesquisa contemporânea que congrega os temas trabalho, carreira e migração, buscou-se compreender a carreira psicossocial associada ao processo de migração forçada, mediante experiências de vida e trabalho de profissionais com ensino superior, que se encontram na situação de refugiadas acolhidas no Brasil. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa e descritiva, realizada por meio do estudo em profundidade dos casos de duas refugiadas latino-americanas, que participaram de entrevistas narrativas. Observou-se, como resultados, que as experiências das participantes certamente são únicas, contudo, refletem a forma como refugiados reconstroem as suas carreiras psicossociais, com base no passado, no presente e em suas aspirações e visões de futuro. Após a chegada na cidade de São Paulo, destacaram-se obstáculos e desafios relacionados à transição involuntária de carreira, às práticas cotidianas de trabalho fora da área de formação profissional e às reconstruções identitárias de trabalho. O processo de mudança de vida das migrantes ainda se apresenta atravessado por barreiras estruturais após a reinstalação, que envolvem a garantia do status legal e questões linguísticas. Conclui-se, por intermédio da análise de suas narrativas com base no modelo teórico da carreira psicossocial, que mesmo tratando-se de refugiadas com formação profissional já estabelecida, ambas as entrevistadas apresentam diferentes facetas de suas identidades de trabalho. Tais facetas se remetem, simultaneamente, a discursos de carreira mais tradicionais, fechados, estáveis e seguros, por um lado, e mais contemporâneos, abertos, flexíveis e arriscados/precários, por outro. Exprimem, assim, contradições significativas que se encontram presentes nas trajetórias de trabalho de refugiados.
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