Considerar a infância: história, interseccionalidade e philia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/teias.2023.64623

Palavras-chave:

infância, história, participação política, interseccionalidade

Resumo

O presente artigo tem por objetivo colocar em discussão o conceito de infância a partir da perspectiva da interseccionalidade, chamando atenção à dimensão política da presença e da participação da criança na história do nosso país. Para isso, o artigo lança mão de análises baseadas em referências históricas e informações jornalísticas, buscando tecer relações entre diferentes fatos, a fim de propor outras visadas acerca da criança como sujeito político, apontando para a historicidade do conceito de infância, bem como dos processos de participação em diversos enredos sociopolíticos. Como resultados, aponta-se a necessidade de assumir a posição de realmente enxergar a criança em sua condição de sujeito no mundo, considerando sua existência e sua agência no mundo de modo responsável, e a possibilidade de construir relações de proximidade e apoio por meio do amor e da amizade, defendidos como dimensões revolucionárias capazes de potencializar a produção de novas formas de viver e lutar pelos nossos horizontes utópicos.

Biografia do Autor

Caroline Trapp de Queiroz, UERJ

Doutora em Educação (ProPEd-UERJ), licenciada em História (UGF) e em Pedagogia (UERJ). Professora adjunta da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

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Publicado

04-12-2023 — Atualizado em 18-12-2023

Versões

Como Citar

Trapp de Queiroz, C. (2023). Considerar a infância: história, interseccionalidade e philia. Revista Teias, 24(75), 291–305. https://doi.org/10.12957/teias.2023.64623 (Original work published 4º de dezembro de 2023)