Rostos apagados no currículo escolar: trajetórias de evasão na escolarização de jovens negras no município de Jóia/RS
DOI:
https://doi.org/10.12957/teias.2021.54803Palavras-chave:
trajetórias, escolarização, evasão escolar, jovens negras.Resumo
Este artigo parte da constatação de que há uma segregação espacial combinada à segregação étnico-racial em territórios no município de Jóia/RS, nos quais residem os negros. A segregação se dá em função de limites espaciais demarcados simbolicamente, instituídos a partir de seus lugares de vivência e das relações sociais que se estabelecem. Dentre os lugares, optamos por olhar os fatores da evasão escolar, ao observar as trajetórias de jovens negras. Metodologicamente, este estudo é caracterizado como uma pesquisa qualitativa, baseada na história oral, tendo como instrumento da produção de dados entrevistas semiestruturadas, por amostragem. Questionamos: Quais são os fatores que corroboraram para a evasão escolar de algumas jovens negras no município de Jóia/RS? O movimento de análise apontou para um conjunto de fatores que ocasionaram a evasão, e neste artigo destacam-se o atravessamento das questões raciais, geracionais, de gênero e do não reconhecimento de um lugar na escola por parte dessas jovens, que lançam mão de outras alternativas que acabam antecipando precocemente a vida adulta. As jovens negras estudadas destacam ser rejeitadas por se distanciarem de uma estética hegemônica, marcadas como “rostos apagados” do currículo escolar; pelo vínculo precoce com a maternidade, união estável ou casamento; pelas gerações familiares anteriores apresentarem fracassos quanto à escolarização, deixando para a atual geração a chance de escolarizar-se, e essa tem deixado para os filhos a “sorte”, se “deus quiser, conseguirem ter a sorte”, uma vez que os filhos são a aposta de ter “uma cabeça boa para os estudos”.
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