INTERCULTURALIDADE E DECOLONIALIDADE NO ENSINO DE MATEMÁTICA: INTEGRANDO SABERES AFRO-BRASILEIROS E INDÍGENAS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/redoc.2025.92826

Resumo

Este artigo que discute a importância das perspectivas intercultural e decolonial no ensino de matemática, que integre saberes afro-brasileiros e indígenas, com base nas leis 10.639/2003 e 11.645/2008. O presente estudo teórico-epistemológico é um desdobramento de uma tese de doutorado que analisa os principais desafios e propõem caminhos para uma educação matemática “outra”, explorando as possibilidades de valorização das diferenças culturais dos/as estudantes e a necessidade de formação docente. Esta pesquisa decolonial e intercultural crítica na educação se movimenta pelas ideias de Veríssimo, Vicente, Fernandes, Walsh, Candau, Moreira, Munduruku e Krenak. Com base nessa fundamentação, são apresentados e discutidos exemplos de aplicação de jogos e elementos culturais como a Mancala, a Sankofa e Grafismos indígenas que podem ser utilizados para ensinar conceitos matemáticos de maneira significativa e contextualizada culturalmente. A conclusão desta teorização destaca para a importância de formar professores/as nas perspectivas intercultural e decolonial e para a criação de um currículo de matemática que promova o reconhecimento e valorização das diferenças.

Biografia do Autor

Michael Gandhi Monteiro dos Santos, Universidade Estácio de Sá (UNESA)

Doutorando no PPG em Educação e Cultura Contemporânea da UNESA na linha de pesquisa: Tecnologias de Informação e Comunicação nos Processos Educacionais (TICPE), Mestre em Matemática pela Universidade Federal do Ceará-UFC, Especialista em Avaliação Educacional -FASEC, Especialista em Ensino de Matemática-FATE, Especialista em Matemática e suas Tecnologias e o Mundo do Trabalho-UFPI. Integrante do Grupo de Pesquisa em Educação e Cibercultura (GPEC/CNPq). Professor da Secretaria da Educação Básica do Ceará. Tem experiência na área de Matemática, com ênfase em Geometria Euclidiana, Cálculo Diferencial e Integral, Matemática Financeira e Formação Continuada de Professores de Matemática. Atualmente é professor em cursos de graduação e pós-graduação da UNIATENEU e da UNIFANOR Wyden.

Felipe Carvalho, Universidade Estácio de Sá (UNESA)

Está como professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estácio de Sá (PPGE/UNESA), linha de pesquisa Tecnologias de Informação e Comunicação nos Processos Educacionais (TICPE). Coordenador do Grupo de Pesquisa em Educação e Cibercultura. É doutor e mestre pelo Programa de Pós-graduação em Educação (ProPEd/UERJ). De 2019 a 2020, foi bolsista de doutorado-sanduíche FAPERJ pela Universidad Complutense de Madrid/Espanha (UCM), e bolsista de doutorado Nota 10 FAPERJ. Atualmente é bolsista de pós-doutorado CNPq pela Universidade Federal de Tocantins (UFT). Colunista de Educação na Revista Horizontes da Sociedade Brasileira de Computação. Editor-gerente da Revista Docência e Cibercultura. É Ad Hoc da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd). Realiza pesquisas em educação online, formação, informática na educação, didática, diferença, cibercultura.

Ana Paula da Silva Santos, Universidade Estácio de Sá (UNESA)

É professora do Programa de Pós-graduação em Educação da UNESA inserida na linha de Políticas, Gestão e Formação de Educadores, professora dos cursos de graduação em Pedagogia e Educação Física da UNESA e professora formadora no Centro de Pesquisa e Formação Continuada Paulo Freire (CPFPF) na Secretaria Municipal de Educação do município de Duque de Caxias/RJ. Líder do Grupo de Estudos Diversidade Diferenças Escola e Cultura (s) - GEDDEC e Coordenadora do LAB_PED - Laboratório de Pesquisa e Extensão do Curso de Pedagogia (Campus Campo Grande/RJ). Possui formação em Licenciatura em Educação Física (2001) e Mestrado em Educação (2013), ambos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Doutorado em Educação (2018) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RIO). Como pesquisadora atua no campo do Multiculturalismo, Educação Intercultural, Decolonialidade, Gênero e Educação Física Escolar. É integrante do Grupo de Pesquisas sobre o Cotidiano, Educação e Cultura(s) (GECEC - PUC-Rio).

Marcélia Amorin Cardoso, Universidade Estácio de Sá (UNESA)

Professora do PPGE/UNESA. Doutora em Educação pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro -UFRRJ (2019). Mestra em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ (2003), Psicopedagoga pela Universidade Cândido Mendes(1999), Graduada em Pedagogia - UNIG - Universidade Iguaçu (1990). Servidora pública do município de Belford Roxo, RJ e da rede estadual do Rio de Janeiro atuando como professora de Disciplinas Pedagógicas no Curso Normal, nível médio, orientando e acompanhando estágios supervisionados. Atuei como professora substituta nos cursos de Pedagogia e História do Instituto Multidisciplinar de Nova Iguaçu/ UFRRJ e Professora Formadora do PARFOR/UFRRJ. Professora do curso de Pedagogia (FABEL). Docente do ensino superior nas áreas de Currículo e Cultura, Educação e Contextos Contemporâneos, Fundamentos da Educação, Políticas Públicas para a Educação; Metodologia, Didática e Prática Pedagógica; Organização do Trabalho Pedagógico, Estágio Supervisionado e Iniciação Científica. Tenho experiência em: Educação Popular, Movimento Social, Educação do Campo, Formação inicial e continuada de educadoras(es) populares e professoras(es), Estágio Supervisionado, orientação de TCC/Monografia, orientação educacional, pedagógica e gestão participativa. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Estudos Freireanos Contemporâneos e Currículo - FRECON/UFRRJ.

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Publicado

01-08-2025

Como Citar

MICHAEL GANDHI MONTEIRO DOS SANTOS; CARVALHO, Felipe; ANA PAULA DA SILVA SANTOS; MARCÉLIA AMORIN CARDOSO. INTERCULTURALIDADE E DECOLONIALIDADE NO ENSINO DE MATEMÁTICA: INTEGRANDO SABERES AFRO-BRASILEIROS E INDÍGENAS. Revista Docência e Cibercultura, [S. l.], v. 9, n. 2, p. 1–18, 2025. DOI: 10.12957/redoc.2025.92826. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/re-doc/article/view/92826. Acesso em: 15 dez. 2025.