ESTUDOS LITERÁRIOS, LEITURA E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA / Literary Studies, Reading and Aesthetic Experience
DOI:
https://doi.org/10.12957/pr.2020.50445Palabras clave:
LEITURA, LITERATURA, EXPERIÊNCIA ESTÉTICAResumen
A proposta deste dossiê – Ensino de literatura e experiência estética – prioriza a experiência estética, na leitura literária e também nas práticas pedagógicas, destacando-se os tópicos: a) a importância da interação; b) as aproximações producentes entre as práticas e as teorias de mestrados profissionais e de estudos literários, no intuito de minimizar limites naturalizados sobre o ensino de literatura, desde a Educação Básica.
Nas últimas décadas, que incluem a passagem do século XX para o XXI, o ensino da literatura, em muitos casos, luta contra o desaparecimento. Um aliado veio da tecnologia, pois, as várias e recentes inovações tecnológicas, assim como o uso de diferentes plataformas, não apenas possibilitam acesso aos textos, literários ou não, como propiciam o surgimento de outros gêneros discursivos, multimodais, colaborativos e híbridos. Num cenário em mutação, o significado da leitura amplia-se, uma vez que ler significa atentar para múltiplas linguagens presentes no texto. O uso da linguagem verbal escrita, verbal oral, sonora não verbal, visual etc., constitui um espectro amplo da produção textual e de possibilidades de leitura.
Fundamental para a formação plena do ser humano, o ensino de literatura, assim como de outras manifestações artísticas, estimula a sensibilidade e a crítica, componentes muitas vezes negligenciados por uma formação tecnicista. Privilegiam-se teóricos que discutem o lugar das artes na formação do indivíduo e nos próprios documentos oficiais de educação, não aqueles que negam esse lugar e sua importância. A capacitação técnica do aluno não prescinde do estímulo ao exercício da sua subjetividade, visto que, através desta última, nos tornamos mais críticos e criativos.
Num país reconhecidamente marcado pelas desigualdades, na dimensão do humano, do que é dignidade e cidadania, acentua-se uma constante mobilização no sentido de aprimorar o trabalho docente, ao aperfeiçoar novos e antigos conhecimentos. Tornam-se indispensáveis as funções que motivem experiências no modo de fazer e sentir, ao promover a formação do humano e de sua humanidade, não apenas entre os grupos humanos, mas entre estes e o mundo, lugares e ambientes, incluindo-se todos os seres vivos que afetam e são afetados por nossas ações, em comunidades tradicionais e fluidos pertencimentos.
O texto literário, como objeto estético na formação do indivíduo, e a literatura, em sentido amplo e nos documentos orientadores e norteadores do currículo, convergem para um campo de atuação – o artístico-literário –, com início no Ensino Fundamental. Sem abandonar o ensino que promove, em sua maior parte, o acesso aos textos clássicos, propomos estender a devida atenção às produções contemporâneas, trazer para a escola gêneros e modos de fazer e dizer as literaturas indígenas, africanas, afro-brasileiras, latinoamericanas e de literatura universal. O ensino de literatura, portanto, não se confunde com certa “facilitação”, na escolha de textos com linguagem mais acessível aos leitores. O difícil e o fácil são indispensáveis no aprendizado, um não exclui o outro, o que se aprende é repleto de texturas, na construção de repertórios que se iniciam na escola, mas nela não findam; pelo contrário, um dos principais papeis da escola é o de promover aberturas, não fechamentos.
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