Primeira pessoa do plural com referência genérica e a polidez linguística

Autores

  • Josilene de Jesus Mendonça Universidade Federal de Sergipe
  • Raquel Meister Ko. Freitag Universidade Federal de Sergipe

DOI:

https://doi.org/10.12957/soletras.2016.22491

Palavras-chave:

Variação linguística, polidez, primeira pessoa do plural, indeterminação do sujeito.

Resumo

A indeterminação do sujeito é uma estratégia de polidez, por impedir, atenuar ou reparar eventuais ameaças à face do locutor ou interlocutor durante a interação, visto que o falante, por meio da indeterminação do referente de primeira pessoa do plural, demonstra sua proximidade/distância do conteúdo proposicional (BROWN; LEVINSON, 1987). Analisamos a variação na primeira pessoa do plural como estratégia de indeterminação do sujeito, a fim de verificar se os contextos pragmáticos (distância social, poder relativo e custo da imposição) condicionam a escolha das variantes nós e a gente, no português. Utilizamos a amostra Dados de fala de estudantes do Atheneu Sergipense, vinculada ao banco de dados Falares Sergipanos (FREITAG, 2013). Após a coleta, os dados foram correlacionados às variáveis pragmáticas e submetidos ao tratamento estatístico do programa GoldVarb X (SANKOFF; TAGLIAMONTE; SMITH, 2005). A forma a gente foi mais frequente no corpus analisado, utilizada em 71% dos contextos de indeterminação do sujeito. Os resultados específicos em relação às variáveis pragmáticas apontam para o maior uso da variante a gente em interações com grau distante de familiaridade entre os interlocutores, em situações em que o falante se encontra sem o domínio do tópico interacional e em contextos com maior grau de imposição do ato comunicativo, sugerindo que a forma a gente é mais utilizada em contextos mais polidos, denotando, assim, gradiente de polidez no paradigma pronominal.

 

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Publicado

2016-07-22

Edição

Seção

Dossiê: Polidez e interação em contextos cotidianos e institucionais