Acesso físico às feiras de orgânicos municipais em favelas de Belo Horizonte, Minas Gerais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/demetra.2024.71469

Palavras-chave:

Acesso a Alimentos Saudáveis, Ambiente Construído, Alimentos Orgânicos, Áreas de pobreza

Resumo

Introdução: Favelas são regiões que não foram priorizadas pelas políticas públicas, e isso se reflete no ambiente alimentar e, consequentemente, na dificuldade de acesso aos alimentos, sobretudo aqueles produzidos de forma sustentável. Objetivo: Caracterizar o acesso físico às feiras de orgânicos municipais em favelas de Belo Horizonte, Minas Gerais, identificando desertos e pântanos alimentares e realizando uma comparação com a disponibilidade, distância e tempo de deslocamento de estabelecimentos que ofertam alimentos convencionais nessas áreas. Métodos: Foi analisada a distribuição das feiras de orgânicos municipais, dos equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional e dos estabelecimentos que ofertam alimentos cadastrados na Secretaria da Fazenda do Estado de Minas Gerais para o ano de 2019, nos 192 setores censitários localizados em favelas de Belo Horizonte. Para as análises closestfacility e distância de deslocamento, foi utilizado o buffer network de 500 metros. Também foi realizada a análise do tempo de deslocamento utilizando transporte público. Resultados: As feiras de orgânicos municipais estão em menor número e mais distantes dos centroides das favelas. E, além da maior distância para acessar as feiras caminhando, acessá-las por meio de transporte público leva, em geral, um tempo maior de deslocamento. Conclusões: São necessários programas e políticas públicas que incentivem a abertura de feiras de orgânicos e outros tipos de estabelecimentos que ofertam alimentos in natura e minimamente processados que adotem modelos de produção sustentáveis em áreas de favelas, a fim de reduzir as iniquidades de acesso aos alimentos saudáveis e sustentáveis nesse território.

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Biografia do Autor

Flávia Muradas Bulhões, Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Curso de Pós-Graduação em Segurança Alimentar e Agroecologia. Encantado, RS, Brasil.

Professora Adjunta na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul.

 

Mariana Zogbi Jardim, Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Medicina, Departamento de Medicina Preventiva e Social. Belo Horizonte, MG, Brasil.

Departamento de Pediatria, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais.

Gabriel Borges Vaz de Melo, Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Ciências Econômicas, Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional. Belo Horizonte, MG, Brasil.

Analista de Dados no ONU-Habitat. Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat). São Paulo, SP, Brasil. Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Ciências Econômicas, Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional.

Olívia Souza Honório, Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Medicina, Departamento de Fonoaudiologia. Belo Horizonte, MG, Brasil.

Departamento de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto.

Amélia Augusta de Lima Friche, Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Medicina, Departamento de Fonoaudiologia. Belo Horizonte, MG, Brasil.

Professora Adjunta do Departamento de Fonoaudiologia, Faculdade de Medcina, Universidade Federal de Minas Gerais.

Larissa Loures Mendes, Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Enfermagem, Departamento de Nutrição. Belo Horizonte, MG, Brasil.

Professora Adjunta do Departamento de Nutrição, Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais.

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Publicado

2024-02-28

Como Citar

Rocha, L. L., Bulhões, F. M., Jardim, M. Z., Melo, G. B. V. de, Honório, O. S., Friche, A. A. de L., & Mendes, L. L. (2024). Acesso físico às feiras de orgânicos municipais em favelas de Belo Horizonte, Minas Gerais. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde, 19, e71469. https://doi.org/10.12957/demetra.2024.71469

Edição

Seção

Alimentação e Nutrição em Saúde Coletiva

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