um comentário “analítico” sobre a apresentação de gert biesta: “tocando a alma: educação, filosofia e crianças em um era de instrumentalização”

Autores

  • laurance joseph splitter University of Melbourne Education University of Hong Kong

DOI:

https://doi.org/10.12957/childphilo.2017.29945

Palavras-chave:

pessoas-no-mundo, autoconsciência, análise conceitual

Resumo

Neste artigo, primeiramente sumarizo quais considero serem os pontos principais da apresentação de Biesta e, partindo deles, ofereço algumas críticas a partir da perspectiva da filosofia analítica. Proponho uma estrutura alternativa para encarar o self como um sujeito no mundo, que é não somente mais transparente, como também conceitualmente mais intuitivo do que aquele proposto por Biesta. Entre outras vantagens, esta estrutura dá conta do lugar central do diálogo e da comunidade de investigação, ambos componentes-chave da Filosofia para Crianças. O foco de Biesta é a criança como sujeito que está no mundo desde o princípio, por assim dizer, em vez de um sujeito que constrói este mundo. Corretamente crítico de grande parte do jargão contemporâneo envolvendo a educação – incluindo sua obsessão com resultados mesuráveis de aprendizado – , o ceticismo de Biesta sobre o construtivismo o leva a questionar a ênfase no pensamento, que caracteriza a Filosofia para Crianças desde a sua formação. Eu questiono a sua afirmação de que esta ênfase dirige muita atenção à “cabeça”, em detrimento do “coração” e da “alma”. Sugiro que Biesta construiu um “espantalho” com suas críticas à Filosofia para Crianças quando propõe, por exemplo, que em vez de ensinar crianças a fazer perguntas, é função do professor ajudá-las a verem a si mesmas como estando em questão. Reconheço sua representação do “bem ensinar” como um processo de interrupção da busca subjetiva da criança por seus desejos – através do qual elas fazem a transição ao que seja desejável, mas sugiro, primeiro, que a ideia de interrupção também pode ser entendida como um processo de tornar as coisas instáveis para as crianças e, segundo, que em sua determinação em encontrar um terreno comum entre permitir pessoas, enquanto sujeitos a aniquilarem o mundo, e permitir ao mundo aniquilá-las, ele falha em articular uma concepção clara de autoconsciência. Cito o trabalho do filósofo analítico Donald Davidson, que fornece uma visão triangular da autoconsciência como sendo mutualmente dependente tanto da consciência de cada pessoa dos outros (i.e. das outras pessoas) quanto de nossa consciência compartilhada do mundo.

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Biografia do Autor

laurance joseph splitter, University of Melbourne Education University of Hong Kong

Bio: Professor Laurance J. Splitter (BA Hons (Monash), BPhil, DPhil (Oxon), FACE)

Laurance Splitter has degrees in philosophy and mathematics from Monash and Oxford universities. He pioneered the introduction of philosophy in Australian schools in the 1980s. From 1988 to 2001, he was Director of the Centre for Philosophy with Children and Adolescents, within the Australian Council for Educational Research (ACER). He has recently returned to live in Australia after 14 years working in schools of education in the USA and Hong Kong. He has conducted workshops, seminars and conference sessions with teachers, parents, administrators and students of all ages in many countries. He has published on authenticity, intellectual dispositions, identity and citizenship, and cultivating the life of the mind through dialogue. His abiding research and teaching focus is on the transformation of learning environments into communities of inquiry. His latest book is Identity and Personhood: Confusions and Clarifications across Disciplines (Springer 2015). He is currently an independent consultant in philosophy and education, and an honorary Fellow at the University of Melbourne and the Education University of Hong Kong. In October 2017, he will take up a year-long visiting professorship at the University of Hiroshima, Japan.

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Publicado

2017-09-08

Como Citar

SPLITTER, Laurance joseph. um comentário “analítico” sobre a apresentação de gert biesta: “tocando a alma: educação, filosofia e crianças em um era de instrumentalização”. childhood & philosophy, Rio de Janeiro, v. 13, n. 28, p. 505–519, 2017. DOI: 10.12957/childphilo.2017.29945. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/29945. Acesso em: 6 maio. 2025.

Edição

Seção

dossiê