a escrita e a oralidade na escola como potência na formação humana: conversações entre kopenawa, sêneca e filosofia com crianças

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/childphilo.2024.82414

Palavras-chave:

escrita, oralidade, palavra, escola, formação humana

Resumo

Este texto trata de uma experimentação na formação de professoras da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental de uma escola pública da região metropolitana de Porto Alegre (RS), por meio de práticas de leitura, escrita e conversação, as quais se desdobram em experimentações com as crianças. Tal processo é pensado nas companhias de Sêneca (2018), com seu conceito de leitura e escrita, de Kopenawa (Kopenawa; Albert, 2015), a partir do conceito de palavra, e de Foucault (2004, 2011), considerando-se o conceito de subjetivação. Tal experimentação, que se deu no encontro entre a escrita e a oralidade, foi tomada para pensar nas contribuições para os estudos que compõem a filosofia com crianças. Nesse sentido, a leitura, a escrita e a contação de histórias teriam menos a ver com informações, e mais com o que estamos nos tornando, com a agilidade do nosso pensamento, com nossa sabedoria. Desse modo, conceitos da antiguidade greco-romana e das comunidades ameríndias brasileiras são tomados como ferramentas potentes para pensar a escola contemporânea como possibilidade, ainda, de formação humana. Para tanto, defende-se a conversação entre os vivos e os mortos via texto na escola, espaço público e coletivo, o que poderia ser tomado como uma perspectiva de subjetivação para um pensamento e uma vida mais afirmativos em tempos de tanta pobreza narrativa.

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Biografia do Autor

betina schuler, Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)

Pós-Doutorada em Educação pela Universidade de Lisboa, Portugal. Pós-Doutorada em Ciências Humanas pela Griffith University, Austrália. Doutora e Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Graduada em Pedagogia pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Atualmente é Docente na Escola de Humanidades e no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) na Linha de Pesquisa Formação, Pedagogias e Transformação Digital. Vice-Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação (Avaliação 6 Capes). Líder do Grupo de Pesquisa Carcarás: Grupo de Estudo e Pesquisa entre Educação Filosófica, Escrita e Leitura (CNPq/Unisinos). Bolsista Produtividade do CNPq (Pq2). Integrante da Rede Nacional de Pesquisa em Educação Filosófica e da Rede Internacional de Investigação em Inclusão, Aprendizagem e Tecnologias em Educação (RIIATE). Atua principalmente nos temas: estudos foucaultianos em educação; educação filosófica e práticas de escrita e leitura; infância e subjetivação; literatura; docências. Tem experiência docente na Educação Infantil e nos anos inicias e finais do Ensino Fundamental.

maria alice gouvêa campesato, Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)

Doutora em Educação (Unisinos). Bolsista Capes-Print, com Estágio Doutoral na Universidade de Lisboa, Portugal (2020). Mestre em Gestão Educacional (Unisinos). Professora no Mestrado Profissional em Gestão Educacional, na Linha de Pesquisa Gestão Escolar e Universitária (Unisinos). Integra o Grupo de Pesquisa Carcarás: Grupo de Estudo e Pesquisa entre Educação Filosófica, Escrita e Leitura e o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Inovação na Gestão e nas Práticas Pedagógicas. Pesquisadora nas áreas de História e Filosofia da Educação, atuando, principalmente, nos temas: tempo; atenção; formação docente; práticas pedagógicas; escrita e leitura; inovação e processos de subjetivação na Educação. Menção Honrosa do Prêmio Capes de Tese 2022. Foi vencedora do 1º Prêmio RBS de Educação na categoria Escola Pública. Professora da Rede Pública do município de Porto Alegre desde 2006.

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Publicado

2024-06-30

Como Citar

SCHULER, Betina; CAMPESATO, Maria alice gouvêa. a escrita e a oralidade na escola como potência na formação humana: conversações entre kopenawa, sêneca e filosofia com crianças . childhood & philosophy, Rio de Janeiro, v. 20, p. 01–23, 2024. DOI: 10.12957/childphilo.2024.82414. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/82414. Acesso em: 1 maio. 2025.

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