infância e invisibilidade: por uma pedagogia do oculto

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/childphilo.2019.42877

Palavras-chave:

infância, oculto, Heráclito, escola

Resumo

O que se oculta na escola? Em oposição à pergunta mais tradicionalmente feita em educação – o que a escola revela? – esta pesquisa encontra caminhos mais escuros para pensar as potências presentes nos tempos e espaços escolares. A partir dos desdobramentos gerados por pesquisa encerrada em 2016 (AUTOR, 2017), este texto tateia cegamente as possibilidades de uma escola que, ao invés de trazer à luz, atenta mais para aquilo que está obscuro, escondido, oculto. Através da leitura de pensadores da filosofia da diferença, como Deleuze e Foucault, tenta situar a escola em uma disputa imanente entre o caos e a ordem, onde as estruturas de poder trabalham através da visibilização e permissão, por um lado, e pela interdição e ocultamento, pelo outro. Através de um olhar filosófico e genealógico da escola e com a ajuda de Heráclito e da deusa Ártemis, este texto cego tenta afirmar a potência dessas forças invisibilizadas, e assumir a infância não como uma fase a ser superada, mas justamente como uma destas potências que permitem manter o mundo oculto, encriptado, e não na forçosa lógica do visível. Tateia, com a ponta dos dedos, escola e infância, para constatar, sem precisar ver, que elas estiveram e estão lá.

----

(EN)
Childhood and invisibility: toward a pedagogy of the conceal

What hides in school? In opposition to the most frequently asked question in the studies of education – what does school reveal? – this research finds more obscure ways to think the potencies present in school times and spaces. From the results generated by previous research (AUTOR, 2017), this text blindly gropes the possibilities of a school that, instead of bringing things to light, gives more attention to what is obscure, hidden, concealed. From readings on philosophers of difference, such as Deleuze and Foucault, attempts to situate the school in an immanent dispute between chaos and order, where the structures of power work through the visibilization and permission, on the one hand, and by the interdiction and concealment, on the other. Through a philosophical and genealogical view of school and with the help of Heraclitus and the goddess Artemis, this blind text tries to affirm the potency of these invisible forces, and to assume childhood not as a phase to be overcome, but as one of these forces that allow the world’s hiddenness, that allow it to keep encrypted, instead of being forced into the logic of the visible. It touches, with its fingertips, school and childhood, to state, without needing to see, that they have been and are there.

Biografia do Autor

daniel gaivota contage, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Pesquisador no campo da Filosofia da Educação, preocupa-se com o caráter público da escola e com a defesa dela enquanto um tempo-espaço que permite as experiências de movimento e intensidade. Autor de Poética do Deslocamento (2017) e atualmente doutorando pela UERJ.

----

Researcher in the field of Philosophy of Education, concerned with the public role of school and the defense of it as a time-space that allows people to experience movement and intensity. Author of Poetics of Displacement (2017) and currently pursuing a doctorate at UERJ.

Referências

Deleuze, G. (1990) ¿Qué es un dispositivo? In: Michel Foucault, filósofo. Barcelona: Gedisa, p. 155-161.

Deleuze, G., Guattari, F. (2012). Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia. Vol. 5. São Paulo: Editora 34.

Foucault, M. (1996). A ordem do discurso. São Paulo: Loyola.

______. (1984). Sobre a história da sexualidade. In: MACHADO, R. (Org.). Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal.

Heidegger, M. (1998). Heráclito. Rio de Janeiro: Relume Dumará.

Kohan, W. (2007) Infância, estrangeiridade e ignorância: ensaios de filosofia e educação. Belo Horizonte: Autêntica.

Masschelein, J. Simons, M. (2013). Em defesa da escola: uma questão pública. Belo Horizonte: Autêntica.

Prado Filho, K; Teti, M. (2013). A cartografia como método para as ciências humanas e sociais. Barbarói, Santa Cruz do Sul, n.38, p. 45-59, jan./jun.

Downloads

Publicado

2019-07-07

Como Citar

contage, daniel gaivota. (2019). infância e invisibilidade: por uma pedagogia do oculto. Childhood & Philosophy, 15, 01–15. https://doi.org/10.12957/childphilo.2019.42877

Edição

Seção

dossiê: investigação filosófica com crianças: novas vozes