repensando o consenso na comunidade de investigação filosófica: um plano de pesquisa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/childphilo.2019.42559

Palavras-chave:

comunidade de investigação filosófica, consenso, meta-consenso, progresso filosófico, filosofia para crianças

Resumo

No trabalho com Filosofia para Crianças (P4C), o consenso é frequentemente considerado como algo que se deve evitar. Pesquisadores acreditam que o consenso destituiria alguns ideais da Filosofia para Crianças, como liberdade, inclusão e diversidade. Este artigo visa contrariar ou contradizer tais suposições, através da tese de que estes pesquisadores de Filosofia para Crianças tendem a focar em um conceito estreito ou universal de “consenso”, ignorando diversas formas de consenso, especialmente o que Niemeyer e Dryzek (2007) chamam de meta-consenso. Meta-consenso não se trata de uma busca por um consenso universal, mas sim do processo pelo qual as pessoas alcançam diversas formas de consenso não-universais, como a concordância com o valor da visão normativa do oponente ou a concordância com o nível de aceitação deles próprios em relação ao ponto de vista do oponente. Este artigo sustenta a tese de que este meta-consenso é uma peça importante na composição do que Clinton Golding (2009) chama de “progresso filosófico”, que por sua vez é o elemento essencial que faz de uma investigação filosófica.Em outras palavras, sem meta-consenso e progresso filosófico, uma investigação não passa de mero debate ou uma conversa antagonística. A partir de um exemplo de Filosofia para Crianças realizado com estudantes japoneses, este texto mostra como metaconsenso é alcançado pela comunidade de investigação filosófica e como ele contribui para tornar essa investigação realmente filosófica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

kei nishiyama, University of Canberra, Centre for Deliberative Democracy and Global Governance (Australia)

Kei’s areas of expertise include democratic theory (deliberative democracy), children and young people’s political participation, democratic education, social movements, and qualitative research. His work has been published academic journals in these research fields.

Referências

BIESTA, G. Leaning democracy in school and society. Rotterdam: Sense Publishers, 2011.

BURGH, G. Democratic pedagogy. Journal of Philosophy in Schools. 1(1), 22-45, 2014.

BURGH, G., FIELD, T., & FREAKLEY, M. Ethics and the community of inquiry: Education for deliberative democracy. Cengage Learning Australia, 2006.

CASSIDY, C., MARWICK, H., DEENEY, L., & MCLEAN, G. Philosophy with children, self-regulation and engaged participation for children with emotional-behavioural and social communication needs. Emotional and Behavioural Difficulties, 23 (1), 81-96, 2018.

COHEN, J. Deliberation and democratic legitimacy. In J. BOHMAN & W.

REHG. (Eds.) Deliberative democracy: Essays on reason and politics. Massachusetts: The MIT Press, 1997.

DUNLOP, L. P4C in science education. In B. ANDERSON. (Ed) Philosophy for children: Theories and praxis in teacher education (pp. 72-81). London: Routledge, 2017.

GARDNER, S. Inquiry is no mere conversation (or discussion or dialogue): Facilitation of inquiry is hard work! Analytic Teaching, 16 (2), 102-111, 1996.

GOLDING, C. That’s a better idea! Philosophical progress and Philosophy for Children. Childhood and Philosophy. 5 (10), 223-269, 2009.

GOLDING, C. We made progress: Collective epistemic progress in dialogue without consensus. Journal of Philosophy of Education, 47 (3), 423-440, 2013.

HABERMAS, J. The theory of communicative action Vol1: Reason and the rationalization of society. T. McCarthy (trans.). Boston: Beacon, 1984.

LIPMAN, M. Thinking in education. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.

LO, J. C. Empowering young people through conflict and conciliation: Attending to the political and agonism in democratic education. Democracy & Education 25 (1), 1-9, 2017.

MAKAIAU, A. S. The philosophy for children Hawaii approach to deliberative pedagogy: A promising practice for preparing pre-service social studies teachers in the college of education. Analytic Teaching and Philosophical Praxis. 36 (1), 1-7, 2016.

NIEMEYER, S., & DRYZEK, J. S. The ends of deliberation: Meta-consensus and inter-subjective rationality as ideal outcomes. Swiss Political Science Review 13 (4), 497-526, 2007.

NISHIYAMA, K. Enabling children’s deliberation in deliberative systems: Schools as a mediating space. Journal of Youth Studies. 22 (4), 473-488, 2018.

RAWLS, J. Political liberalism. New York: Columbia University Press, 1996.

RUITENBERG, C. W. Educating political adversaries: Chantal Mouffe and radical democratic citizenship education. Studies in Philosophy & Education, 28 (3), 269-281, 2009.

SAMUELSSON, M. Education for deliberative democracy: A typology of classroom discussions. Democracy and Education, 24(1), 1-9, 2016.

SAMUELSSON, M. Education for deliberative democracy and the aim of consensus. Democracy & Education, 26 (1), 1-9, 2018.

ŠIMENC, M. Citizenship education, philosophy for children, and the issue of participation. Journal of Contemporary Education Studies. 5, 10-26, 2009.

TODD, S. Living in a dissonant world: Toward an agonistic cosmopolitics for education. Studies in Philosophy & Education. 29, 213-228, 2010.

TSUCHIYA, Y. Philosophy for Children as education for reasonable thinkers: From the perspective of intellectual virtue education. Ph.D. dissertation submitted to Rikkyo University in Japan, 2018 [written in Japanese]

Downloads

Publicado

2019-06-11

Como Citar

NISHIYAMA, Kei. repensando o consenso na comunidade de investigação filosófica: um plano de pesquisa. childhood & philosophy, Rio de Janeiro, v. 15, p. 01–18, 2019. DOI: 10.12957/childphilo.2019.42559. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/42559. Acesso em: 2 maio. 2025.

Edição

Seção

dossiê: investigação filosófica com crianças: novas vozes