uma aproximação filosófica ao amor: entendendo o conhecimento do amor, através de um sapo apaixonado
Palavras-chave:
M. Nussbaum, filosofia para crianças, emoções, phronesisResumo
Neste trabalho, eu apresento uma aproximação filosófica à emoção ‘amor’, como uma resposta a crescentes aproximações psicológicas pressupostas nos programas de “inteligência emocional”, “letramento emocional”, ou segundo interpretam alguns praticantes da Filosofia para Crianças, “pensamento cuidadoso”. A filosofia das emoções de Martha Nussbaum, expressada no seu livro Conhecimento do amor, e os complexos argumentos ali presentes, têm recebido um contexto narrativo: o livro de imagens “Sapo apaixonado”, de Max Velthuijs. A contextualização narrativa mostra como a literatura pode ser usada para investigar filosoficamente o sentido do amor, mas ela é também (e esse é o principal impulso do meu artigo) uma ilustração de como alguns trabalhos de literatura podem fazer justiça à complexidade envolvida na compreensão das emoções. Este artigo começa com uma exposição de uma das origens da visão popular corrente das emoções de acordo com psicólogos e educadores. Originalmente conceitualizadas por Platão, as emoções são consideradas como estados mentais que necessitam de domínio e controle. Conseqüentemente, alguns pais e educadores argumentam que suas idades e experiências os colocam em uma posição de vantagem para domar os aspectos selvagens dos jovens, e ajudá-los a ‘amadurecer’ como adultos, que entendam e controlem suas emoções, e se tornem os tão falados “emocionalmente letrados” ou “emocionalmente inteligentes”. Para os educadores, essa é uma promessa atraente de empoderamento e realização para todos (Miller, 2009, p 222). Uma aproximação particular ao ensinar e aprender, chamada de Filosofia com Crianças (P4C), é também crescentemente estimulada e adotada nas escolas como um meio para a ‘inteligência’ emocional ou ‘letramento’ emocional (ver ex. Lewis, 2007).O pensamento cuidadoso que ela favorece muitas vezes é interpretado psicologicamente sem o reconhecimento de suas dimensões moral e política. Depois de uma breve introdução ao P4C, eu problematizo uma compreensão psicológica da emoção, focando em um livro em particular: Martha Nussbaum, Conhecimento do amor. Com a ajuda do livro de imagens Sapo apaixonado, eu enveredo por alguns dos complexos argumentos dela sobre o ‘amor’, o que isso significa e como a literatura pode favorecer sua compreensão. Argumento contra a aproximação behaviorista às emoções, e, através da phronesis, isso é, de uma detalhada investigação do ‘amor’ no contexto do Sapo apaixonado, tento mostrar uma alternativa, uma aproximação filosófica às emoções que não as considera como entidades fechadas, nem como sentimentos ‘dentro’ de nós ‘mesmos’ que precisam ser treinados ou controlados, mas um complexo de julgamentos, como conceitos lingüísticos. As aproximações psicológicas às emoções às vezes interpretam mal o “princípio de moderação”, entendendo-o como autodisciplina e vontade de poder, mas para Aristóteles o autocontrole não é uma virtude. Ao invés disso, argumento como as emoções precisam ser consideradas como expressões informativas de e respostas à dinâmica social das relações, e retorno no final do artigo à relevância desse ponto de vista para a teoria e a prática da P4C como phronesis.Downloads
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Publicado
2009-06-29
Como Citar
MURRIS, Karin. uma aproximação filosófica ao amor: entendendo o conhecimento do amor, através de um sapo apaixonado. childhood & philosophy, Rio de Janeiro, v. 5, n. 9, p. pp. 5–30, 2009. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/20597. Acesso em: 1 maio. 2025.
Edição
Seção
artigos