segredos e limites nos diálogos com crianças na sala de aula: do episódio crítico à investigação social

Resumo

Acontecimentos no ensinar com frequência eclodem e demandam atenção, pois permanecem conosco muito após terem ocorrido, levando-nos a revisitá-los e a recriá-los, talvez para perguntarmo-nos se poderíamos ter respondido de maneira diferente. Uma reflexão mais aprofundada, e uma investigação social mais ampla tornam-se possíveis quando guardamos registros dos acontecimentos. Os temas são identificados e formam a base para a teorização e a ação alternativa, e tendem a emergir da percepção que temos de nossas respostas emocionais aos acontecimentos e através da investigação dos valores e crenças que informaram nossas reações. Uma vez que viso encorajar e fortalecer a participação das crianças na comunidade de investigação, o tema principal na minha prática é localizar as barreiras da minha escuta: obstáculos que inibem o envolvimento das crianças na prática dialógica, cuja natureza democrática e potencial educativo transformador foram destacados por seus defensores. Este artigo descreve uma experiência de ensino que me levou a explorar tabus em torno certos temas nas escolas primárias. No caso relatado, sugiro que o tema dos "segredos" alude a inseguranças mais amplas na construção social da intimidade nas relações de crianças e adultos. Essas dificuldades inibem o processo educacional e obscurecem a voz da criança, mesmo no contexto do diálogo filosófico, que visa aumentar a participação das crianças. Considero o pânico moral no Reino Unido quanto à segurança das crianças e o efeito sobre as interações no contexto ambíguo de escolas primárias. Examino o exercício de julgamento profissional em relação aos limites do privado e do público. Consciente de uma oportunidade perdida, exploro o sigilo, o ocultamento, o velado e o revelado e o papel que desempenham nas relações e na construção da identidade individual e no sentido do self. Ao longo da pesquisa procuro identificar os obstáculos à escuta que limitam o potencial para a educação mútua.