Adolescências, diagnósticos, psicofármacos e escola: relatos estudantis em um Instituto Federal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/sustinere.2025.92907

Palavras-chave:

Educação, Adolescência, Saúde mental, Psicofármacos

Resumo

Este artigo analisa as relações, dificuldades e potências/resistências no percurso escolar de estudantes diagnosticados(as) com transtorno mental na fase da infância/adolescência, no cotidiano vivido no Ensino Médio Integrado de uma Instituição Federal de Educação Profissional e Tecnológica do Estado de Sergipe no município de Lagarto.  A partir das peculiaridades e afetações que envolvem a experiência de habitar o território de pesquisa concomitantemente enquanto psicóloga escolar e pesquisadora, buscamos compreender as razões que levaram ao aumento da procura estudantil por atendimentos relativos às questões de saúde mental e por acompanhamento no serviço de Psicologia Escolar do Campus Lagarto nos últimos anos. O estudo se deu a partir da análise de registros do diário de campo e de relatos colhidos em rodas de conversa com grupos com alunos(as) e encontros-entrevistas individuais com ex-alunos(as) que haviam encerrado os estudos há pouco tempo na instituição.  Destacamos: as sensações de incompreensão que esses(as) jovens vivem no cotidiano escolar em relação aos seus marcadores sociais de classe, raça e gênero e de assujeitamento a um pensamento meritocrático dominante na instituição; a conexão entre juventude, internet e escola; a sensação de inadequação às expectativas pessoais e institucionais sobre os desempenhos acadêmicos. Os espaços no cotidiano para participação e discussão com os(as) estudantes sobre essas temáticas se mostraram potentes produtores de reflexão que atuam naquilo que muitas vezes é vivido como impedimento da possibilidade de futuro. 

Biografia do Autor

Débora Lima Siqueira, Universidade de São Paulo (USP)

Psicóloga, mestre em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (USP), com graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), concluída em 2008. É especialista em Psicodrama Clínico pela Profissionais Integrados (PROFINT), instituição associada à Federação Brasileira de Psicodrama (2013), e em Psicologia Organizacional e do Trabalho pela Universidade Católica Dom Bosco (2016). Em 2022, concluiu a formação em Orientação à Queixa Escolar, também pela USP.Atua como psicóloga escolar no Instituto Federal de Sergipe (IFS) desde 2014, desenvolvendo ações voltadas ao acompanhamento psicossocial de estudantes e à problematização dos modos de funcionamento das instituições educacionais. Seu trabalho se inscreve em uma perspectiva crítica que tensiona normatividades e diagnósticos escolares, buscando abrir espaço para escutas e intervenções que considerem os processos de subjetivação em sua complexidade.Suas áreas de interesse acadêmico e profissional concentram-se nas intersecções entre espaços educativos, arte, escola, gênero, relações étnico-raciais e juventudes. 

Adriana Marcondes Machado, Universidade de São Paulo (USP)

Professora Associada do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Fez graduação em Psicologia(1984) e mestrado (1991) e doutorado (1996) em Psicologia Social na mesma Universidade. Trabalhou como psicóloga no Serviço de Psicologia Escolar do IPUSP de 1986 a 2000. Foi contratada como docente do Departamento da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade do IPUSP em 2010, leciona na pós graduação desde 2012, coordena o Serviço de Psicologia Escolar desde 2014 e tornou-se professora Livre Docente em 2021, É membro do Grupo de Trabalho (GT) Subjetividade Contemporânea da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP) desde 2014, tendo sido coordenadora deste GT de 2019 a 2023. Pesquisadora do diretório do CNPQ Análise Institucional e Saúde Pública (UNICAMP) desde 2018. Coordena o grupo de pesquisa Escrita e Formação. Desenvolve trabalhos e pesquisas nas seguintes áreas e/ou temas: Psicologia Escolar, Relação Saúde e Educação, Formação, Pesquisa-Intervenção, Práticas em Análise Institucional e Educação inclusiva.

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Publicado

16-09-2025

Como Citar

Siqueira, D. L., & Machado, A. M. (2025). Adolescências, diagnósticos, psicofármacos e escola: relatos estudantis em um Instituto Federal. Revista Sustinere, 13, 4–26. https://doi.org/10.12957/sustinere.2025.92907