Cidade colonial em decomposição: perspectivas da ecocrítica urbana sobre a narrativa latino-americana de Ramón Meza
DOI:
https://doi.org/10.12957/soletras.2025.92628Palavras-chave:
Ecologia urbana, Colonialismo, Decadência, América Latina, Análise do discursoResumo
Este artigo analisa, à luz da Análise Crítica do Discurso de Norman Fairclough (1992) e da ecocrítica urbana (Bennett & Teague, 1999; Gandy, 2014), como a novela cubana Mi tío el empleado (1887), de Ramón Meza, delineia uma cartografia da decadência colonial que antecipa padrões neocoloniais nas metrópoles latino-americanas. O corpus foi dividido em cinco unidades temáticas a fim de examinar a dialética fachada/ruína, a ecologia sistêmica da corrupção, a produção de subjetividades cúmplices e as temporalidades desiguais que regem a burocracia colonial. A análise combina leitura microtextual de metáforas, gêneros administrativos e escolhas léxico-gramaticais com interpretação ecossistêmica de espaços como porto, repartições labirínticas e hospedarias insalubres. Os resultados apontam que documentos “galanos”, relatórios técnicos inflados e reformas arquitetônicas de fachada convertem a cidade em organismo autopoiético que metaboliza recursos públicos em lucro privado, enquanto ruínas e fungos marcam a colonialidade persistente. Compreende-se que a sátira de Meza oferece lente crítica para compreender continuidades entre corrupção oitocentista e gentrificação, captura estatal e exclusão socioespacial na América Latina contemporânea.
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