Cidade colonial em decomposição: perspectivas da ecocrítica urbana sobre a narrativa latino-americana de Ramón Meza

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/soletras.2025.92628

Palavras-chave:

Ecologia urbana, Colonialismo, Decadência, América Latina, Análise do discurso

Resumo

Este artigo analisa, à luz da Análise Crítica do Discurso de Norman Fairclough (1992) e da ecocrítica urbana (Bennett & Teague, 1999; Gandy, 2014), como a novela cubana Mi tío el empleado (1887), de Ramón Meza, delineia uma cartografia da decadência colonial que antecipa padrões neocoloniais nas metrópoles latino-americanas. O corpus foi dividido em cinco unidades temáticas a fim de examinar a dialética fachada/ruína, a ecologia sistêmica da corrupção, a produção de subjetividades cúmplices e as temporalidades desiguais que regem a burocracia colonial. A análise combina leitura microtextual de metáforas, gêneros administrativos e escolhas léxico-gramaticais com interpretação ecossistêmica de espaços como porto, repartições labirínticas e hospedarias insalubres. Os resultados apontam que documentos “galanos”, relatórios técnicos inflados e reformas arquitetônicas de fachada convertem a cidade em organismo autopoiético que metaboliza recursos públicos em lucro privado, enquanto ruínas e fungos marcam a colonialidade persistente. Compreende-se que a sátira de Meza oferece lente crítica para compreender continuidades entre corrupção oitocentista e gentrificação, captura estatal e exclusão socioespacial na América Latina contemporânea.

Biografia do Autor

Gilberto Alves Araujo, University of the Witwatersrand, UNIFA & UFPA

É pesquisador em Estudos do Discurso Midiático, doutor pela University of the Witwatersrand (WITS), instituição na qual também atua como Pesquisador Associado. Leciona no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos (PPGEL) da Universidade Federal do Pará (UFPA). Sua produção acadêmica articula discurso, linguagem e identidade, com ênfase em contextos midiáticos e literários. Coordena o Grupo de Pesquisa LICEPEX (UFPA/UNIFA), dedicado a investigações em sociolinguística, raça e educação nos contextos brasileiro e africano.

Lívia Aparecida de Almeida e Sousa, Universidade da Força Aérea

É Doutora em Linguística Aplicada pelo Programa Interdisciplinar de Linguística Aplicada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atua como professora e pesquisadora na Universidade da Força Aérea (UNIFA), onde coordena o Grupo de Pesquisa Ensino Militar: estratégias formativas e prospectivas (CNPq/UNIFA). Pesquisadora do NUVYLA - Núcleo de Estudos e Pesquisas da Escola de Vygotsky em Linguística Aplicada (CNPq/UFRJ). Desenvolve projetos interdisciplinares voltados ao ensino militar do futuro, formação de formadores, análise crítica do discurso, letramentos decoloniais e cognição militar. Possui ampla experiência em revisão textual, orientação acadêmica e docência para oficiais brasileiros e de nações amigas. Seus estudos articulam linguagem, identidade, formação e poder aeroespacial, com foco na constituição de comunidades epistêmicas em instituições de defesa.

Eliene Rodrigues Sousa, Secretaria de Educação do Tocantins (Seduc-TO) & Universidade Estadual do Tocantins (UNITINS)

É doutora em Ensino de Língua e Literatura pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) e mestre na mesma área pela mesma instituição. Graduou-se em Letras–Português e Inglês na UFT. Atua como professora de Língua Portuguesa na Secretaria de Educação e Cultura do Tocantins (SEDUC-TO) e realiza estágio pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT).

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Publicado

2025-08-31

Edição

Seção

Dossiê 52 (maio-ago. 2025): Decadentes, Dissidentes e Proscritos no Fin-de-Siècle