O artista proscrito em Mocidade Morta, de Gonzaga Duque

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/soletras.2025.92028

Palavras-chave:

Gonzaga Duque, Mocidade Morta, Impressionismo, Romance brasileiro

Resumo

Este artigo discute a figura do artista em Mocidade Morta (1899), de Gonzaga Duque. Pelo retrato dos insucessos da boemia carioca formada por literatos e pintores no final da década de 1880, é possível pensar inicialmente que o romance seja um registro da inércia da cena cultural nacional. Na contramão dessa ideia, argumenta-se neste trabalho que o protagonismo conferido ao artista em Mocidade Morta constitui um exercício de resistência à lógica utilitária reinante. Para tanto, o foco da análise recai em Camilo Prado, jornalista e crítico de arte que, atento aos debates estéticos em voga, especialmente às ideias em torno do impressionismo pictórico, idealiza convulsionar o meio artístico fluminense. De sensibilidade aguçada, porém pouco pragmático, o escritor não concretiza seus planos; ainda assim, é ele quem ganha voz no texto pelo discurso indireto livre. Em diálogo com os expedientes visuais da pintura impressionista, que então se voltava para o frêmito da vida moderna, Mocidade Morta questiona os limites das convenções romanescas a partir desse herói que, como um proscrito, representa a um só tempo uma disrupção na sociedade e nas artes.

Biografia do Autor

Thaís Marques Soranzo, Universidade de São Paulo - USP

   

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Publicado

2025-08-31

Edição

Seção

Dossiê 52 (maio-ago. 2025): Decadentes, Dissidentes e Proscritos no Fin-de-Siècle