A visão decolonial da violência sexual no romance histórico brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.12957/soletras.2024.87601Resumo
A violência sexual contra as mulheres é uma marca do período colonial e o corpo feminino é explorado como território da colonização quando violentado para assegurar a procriação dos conquistadores. A memória desses episódios é resgatada nos romances históricos de Ana Miranda, Desmundo (1996), e de Maria José Silveira, A mãe da mãe da sua mãe e suas filhas (2002), quando retomam dados oficiais para reconstruir vozes femininas transgressoras por meio de uma visão decolonial. No cotejo das análises, articulamos as reflexões feministas de Del Priore (2016), Lugones (2019) e Figueiredo (2020) para destacar a posição das narradoras dessas obras que questionam a naturalização do estupro como máquina da colonização portuguesa. Na investigação, nos deteremos nas transgressões da protagonista de Miranda, uma órfã portuguesa, que não aceita a normatização do estupro do marido colonizador, e nas personagens indígenas de Silveira, que foram escravizadas. Como resultado, identificamos duas narradoras que antecipam a visão decolonial ao ressaltarem que a violência sexual foi usada como uma estratégia de povoamento do Brasil.
Palavras-chave: Crítica feminista; Estupro; Decolonialidade; Ana Miranda; Maria José Silveira.
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