Inquietações sobre o discurso da happycracia e da censura na Literatura Infantil e Juvenil contemporânea

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/soletras.2024.85482

Resumo

Neste trabalho, empreendemos reflexões sobre a relação do conceito de happycracia (Cabanas; Illouz, 2022), como discurso que idealiza a felicidade e o pensamento positivo, e alguns acontecimentos contemporâneos de ataque e censura a obras e autores da Literatura Infantil e Juvenil. Argumentamos que esse discurso é atravessado pela racionalidade neoliberal, que responsabiliza o indivíduo por seu bem-estar social, emocional e econômico, posicionando-o como mero consumidor. Diante disso, propomos que a literatura, o seu ensino e as práticas de mediação de leitura se deem por meio de experiências estética e ética de resistência, capazes de promover, na formação de crianças e jovens, (des)encontros com o múltiplo, o polifônico e o dissenso, que visibilizem e legitimem subjetividades e narrativas outras para a vida social, por meio de uma educação linguística crítica que questione justificativas ideológicas moralistas e coloniais. Para tanto, propomos uma formação política de professores-mediadores que promovam uma curadoria crítica em função de práticas que se distanciem de um discurso colonial e excludente, autorreferencial para o bem-estar e para a felicidade do eu a qualquer custo, mas que proponham a experiência com diversas linguagens literárias e com temas diversos e sensíveis presentes nas relações sociais compartilhadas.

Biografia do Autor

Thyago Madeira França, Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Thyago Madeira França é doutor em Estudos Linguísticos pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e professor de Análise do Discurso e Estágio Supervisionado de Língua Portuguesa na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), fazendo parte do Departamento de Linguística e Língua Portuguesa (DLLP) do curso de Letras. É co-líder e pesquisador do grupo de pesquisa "Laboratório de Estudos Polifônicos" (LEP/UFU) e pesquisador do grupo "A narrativa ficcional para crianças e jovens: teorias e práticas" da UERJ. Possui experiência e desenvolve pesquisas nas áreas de ensino de literatura, letramento literário, formação de professores-mediadores de leitura literária e Análise do Discurso.

Cristiane Carvalho de Paula Brito, Universidade Federal de Uberlândia

Cristiane Carvalho de Paula Brito. Professora na área de Língua Inglesa, no Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia (ILEEL/UFU). Graduada em Letras pela UFU, mestra e doutora em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Docente no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos (PPGEL/UFU), orientando na linha de pesquisa Linguagem, Ensino e Sociedade. É líder do Grupo de Pesquisa Laboratório de Estudos Polifônicos (LEP) e vice-líder do Grupo de Pesquisa Linguagem Humana e Inteligência Artificial (LIA).

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Publicado

2024-08-30

Edição

Seção

Dossiê 49: Literatura Infantil e Juvenil contemporânea: inquietações e metamorfoses