A fúria de Pedro Eiras: três aproximações
DOI:
https://doi.org/10.12957/soletras.2022.71614Resumo
O que poderá levar um poeta a dialogar, nos dias de hoje e abertamentes, com a (con)sagrada obra A Divina Comédia de Dante, um dos autores com quem, segundo Harold Bloom, os escritores contemporâneos não gostariam de concorrer. Ora, Pedro Eiras, autor com provas já dadas em diversos registos discursivos, do ensaio, à ficção e a o teatro, foi justamente com a magnus opus de Dante que dialogou ao estrear-se como poeta, em 2020, com o livro intitulado Inferno, a que se seguiram nos dois anos seguintes, os livros Purgatório e Paraíso, respectivamente. A leitura que proponho dessa trilogia poética visa evidenciar como ela convoca alguns aspectos estruturais da Commedia de Dante, num gesto de atualização da viagem iniciática e das personagens que lhe subjazem, mas para logo se desviar do sentido teológico e teleológico da peregrinação interior do poeta italiano, destronando o seu princípio de esperança messiânica em nome de uma intensa atenção com o mundo presente.Nesse sentido, julgo que a trilogia de Pedro Eiras acaba por representar também um confronto agónico e duplo - com Dante e com Bloom - não em nome de uma supremacia estética, mas da afirmação inequívoca de um compromisso entre estética e ética.
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