“É a terra que querias ver dividida”1: a questão fundiária na literatura brasileira
DOI:
https://doi.org/10.12957/soletras.2015.19517Palavras-chave:
Literatura e modernização excludente no Brasil. Literatura e questões fundiárias no Brasil. Êxodo rural e literatura brasileira. Literatura de escritoras faveladas. AResumo
O modelo de posse da propriedade no Brasil, no campo ou na cidade, relaciona-se aproblemas recorrentes no país, como as extremas desigualdades sociais e o êxodo rural,agravando a carência de habitações dignas para a classe trabalhadora, o desemprego e aviolência nas cidades. Associa-se o regime de propriedade, cujas linhas gerais estabeleceramsena construção do país como nação independente de Portugal, ao modelo jurídico de“cidadania diferenciada” (James Holston). Algumas obras literárias de autores modernos econtemporâneos apresentam as consequências desse modelo no destino de indivíduos e decomunidades rurais e urbanas. Esse trabalho examina diferentes abordagens desse problemaem dois momentos históricos, em que se revelou a gravidade e a extensão dele, coincidindocom dois importantes surtos modernizadores, nos anos 1930 e nos anos 1960; portanto, noregime Vargas e após a política desenvolvimentista de Juscelino Kubistchek. Para esseestudo, privilegia-se o romance de José Lins do Rego, O moleque Ricardo (1935),relacionando-o aos de outros autores da chamada geração de 30; e o diário da faveladaCarolina Maria de Jesus, Quarto de despejo (1960). A seguir estabelece paralelos com doisromances da primeira década do século XXI, da escritora Conceição Evaristo, PonciáVicêncio (2003) e Becos da memória (2006). Estes romances trazem à cena as repercussõesatuais do modelo de modernização excludente implantado no país.
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